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Consumo em alta leva UE a exportar danos ambientais para outros países, mostra pesquisa

Para atender à crescente demanda de seus consumidores, a União Europeia (UE) tem exportado danos ambientais para países muito além de suas fronteiras nos últimos anos. Essa é a conclusão de um estudo realizado por um grupo de pesquisadores das universidades de Birmingham, na Inglaterra, Groningen, na Holanda, e Maryland, nos Estados Unidos, publicado nesta quinta-feira (26) na revista Nature Sustainability.

O consumo excessivo é criticado por seu impacto ambiental/
O consumo excessivo é criticado por seu impacto ambiental/ © AP - Cecilia Fabiano
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Na lista das nações mais afetadas por essa exportação da UE estão sobretudo os vizinhos do Leste, mais próximos. No entanto, Brasil, China, Índia e Japão também têm observado efeitos cada vez mais nefastos do alto consumo entre os europeus, principalmente quando são levados em conta sete dos dez grandes indicadores ambientais, entre eles emissões de carbono, efeitos estufa, uso de terra e água, oxidação fotoquímica e perda de diversidade.

O estudo publicado na Nature Sustainability toma por base dados colhidos entre o período de 1995 e 2019, e aponta que dentro da UE esses impactos têm diminuído, alinhados com o debate proposto pelos próprios governos e sociedades na região. Porém, é como se a Europa estivesse terceirizando os impactos negativos e pressões ambientais associadas ao seu consumo. Os benefícios econômicos ligados a mercadorias e serviços que estão sendo consumidos, contudo, ficam em sua maior parte dentro do mercado europeu: 85% deles, pelas contas dos pesquisadores.

Os impactos ambientais induzidos pelo consumo na UE fora do continente cresceram particularmente no início do século XXI. E as diferenças mais evidentes foram registradas nos níveis de ecotoxidade terrestre e aquática, que aumentaram 142,8% e 105,7%, respectivamente.

Brasil e a Indonésia são os que mais sofreram com a perda de biodiversidade

De acordo com os dados do estudo, o Brasil e a Indonésia foram os países que registraram os maiores impactos da perda de biodiversidade pelo uso de terra até 2019. Os autores lembram que esta é uma das características da economia globalizada: os benefícios financeiros mundo afora costumam ter efeitos colaterais no que diz respeito a pressões e impactos sobre o meio ambiente. E isso se dá de forma desigual, com os países mais ricos tendendo a ficar mais com os benefícios do que o ônus, que acaba por recair sobre as nações mais pobres. Mesmo dentro da UE, aponta o documento, os benefícios também são distribuídos de forma desigual entre a população.

A sugestão dos autores para evitar os efeitos negativos sobre a saúde humana e os ecossistemas dentro e fora da UE passam por mudanças nas opções de consumo, nos modos e frequência de transportes, nas escolhas alimentares e, acima de tudo, na redução do consumo excessivo.

Para os pesquisadores, políticas de comércio da UE devem considerar as pressões ambientais e impactos inerentes sobre a produção de mercadorias e serviços de modo a evitar que estes últimos continuem sendo repassados a outros países.

 

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