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Governo ucraniano sofre demissões em série após escândalos de corrupção

Diversos altos funcionários ucranianos, incluindo os governadores de cinco regiões na linha de frente contra as forças russas, foram afastados de seus cargos nesta terça-feira (24), depois que o presidente Volodymyr Zelensky anunciou uma grande remodelação da estrutura de governo devido a escândalos de corrupção.

Vyacheslav Shapovalov, chefe de abastecimento das tropas ucranianas, renunciou após uma investigação na mídia acusando o Ministério da Defesa de pagar a mais por suprimentos destinados ao exército.
Vyacheslav Shapovalov, chefe de abastecimento das tropas ucranianas, renunciou após uma investigação na mídia acusando o Ministério da Defesa de pagar a mais por suprimentos destinados ao exército. AP
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Nunca a administração pública e o governo de Kiev sofreram tais mudanças desde o início da invasão russa, 11 meses atrás, que relegou os assuntos políticos domésticos a um segundo plano, por trás da necessidade de união contra Moscou.

Essas demissões ocorrem dois dias após a prisão de um vice-ministro da Infraestrutura acusado de ter embolsado US$ 400 mil em subornos em contratos para comprar geradores, o primeiro grande escândalo descoberto desde o início do ataque russo em 24 de fevereiro.

Os ocidentais estão exigindo promessas na luta contra a corrupção em troca de bilhões de dólares em ajuda paga a Kiev. No entanto, as saídas anunciadas nesta terça-feira não estão todas ligadas a alegações de má conduta financeira.

"Este é um trabalho sistêmico de que a Ucrânia precisa urgentemente e que faz parte da integração na UE", comentou o primeiro-ministro Denys Shmyhal.

"Justiça para todos"

Em seu vídeo diário na noite de segunda-feira (23), Volodymyr Zelensky anunciou que algumas decisões foram tomadas "hoje [segunda-feira], outras, amanhã" em relação a cargos" de diferentes níveis em ministérios e outras estruturas governamentais centrais, bem como nas regiões e dentro das forças de ordem".

"As decisões de Zelensky refletem as maiores prioridades do Estado (...) O presidente vê e ouve a sociedade. E responde diretamente a uma demanda prioritária da opinião pública: justiça para todos", declarou no Twitter Mikhaïlo Podoliak, assessor do Chefe de Estado.

Entre os funcionários que renunciaram ou foram demitidos estão o vice-chefe de gabinete da Presidência, Kirilo Tymoshenko, o vice-procurador-geral Oleksi Simonenko e o vice-ministro da Defesa, Viatcheslav Shapovalov. Os governadores das regiões de Dnipropetrovsk, Zaporíjia, Kiev, Sumy e Kherson também foram demitidos.

Vyacheslav Shapovalov, chefe de abastecimento das tropas ucranianas, renunciou após uma investigação na mídia acusando o Ministério da Defesa de pagar a mais por suprimentos destinados ao exército, uma forma frequentemente usada para desviar dinheiro. Ao rejeitar as acusações, ele explicou que queria manter a credibilidade da instituição.

Carros de luxo

Já Kirilo Tymoshenko não deu motivos para sua saída. O membro da equipe de campanha de Volodymyr Zelensky era vice-chefe de gabinete da presidência da Ucrânia desde a eleição do ex-ator em 2019, supervisionando as políticas regionais.

De acordo com a mídia ucraniana, Tymoshenko esteve envolvido desde o início da invasão em diversos escândalos relacionados ao uso pessoal de carros de luxo. Ele nega todas essas acusações.

O vice-procurador-geral Oleksi Simonenko foi afastado do cargo "a seu pedido", informou a Procuradoria-Geral da Ucrânia. Este alto funcionário foi denunciado pela imprensa por umas férias em família passadas em Marbella, no sul de Espanha, por dez dias durante as comemorações do Ano-Novo, mas não se pronunciou publicamente sobre estas alegações.

Durante sua intervenção em vídeo nesta segunda-feira, Volodymyr Zelensky declarou que as autoridades ucranianas não teriam mais permissão para viajar para o exterior, exceto para missões do governo.

Práticas questionáveis

Zelensky já havia demitido o chefe dos Serviços de Segurança Interna (SBU) e o procurador-geral em julho passado, os acusando de traição ou colaboração com a Rússia em seus serviços.

Mas, apesar desse episódio, a composição do governo se manteve relativamente estável em torno da equipe formada pelo presidente ucraniano desde que chegou ao poder, em 2019.

Zelensky prometeu então lutar contra a corrupção em todos os níveis, em um cenário de preocupação da opinião pública diante de uma série de escândalos e práticas questionáveis ​​entre a classe política no poder.

(Com informações da Reuters)

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