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Imprensa francesa critica chanceler da Alemanha sobre imbróglio no fornecimento de tanques à Ucrânia

A imprensa francesa analisa nesta terça-feira (24) a posição hesitante do chefe de governo da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, para autorizar o envio de tanques pesados de fabricação alemã à Ucrânia. Os tanques Leopard 2 combinam poder de fogo, mobilidade e proteção. Segundo especialistas, esse equipamento poderia decidir a guerra. 

O tanque alemão Leopard 2 de fabricação alemã está no centro do imbróglio entre Varsóvia e Berlim sobre o envio destes veículos militares à Ucrãnia.
O tanque alemão Leopard 2 de fabricação alemã está no centro do imbróglio entre Varsóvia e Berlim sobre o envio destes veículos militares à Ucrãnia. © Mariusz Błaszczak/Twitter
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O ministro da defesa da Polônia anunciou hoje ter pedido a autorização da Alemanha para a entrega de tanques Leopard 2, de fabricação alemã, para a Ucrânia. Nessa segunda-feira, Varsóvia já havia declarado que independentemente da resposta de Berlim, pretendia entregar cerca de 14 tanques que possui desse modelo para o Exército de Kiev. 

O novo ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, prometeu, por sua vez, em entrevista ao canal de TV ZDF, que Berlim irá ajudar a Ucrânia a vencer a guerra contra a Rússia. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou estar otimista sobre uma decisão rápida a respeito desses tanques. Stoltenberg salientou que não há sinais de que Moscou tenha mudado de objetivos em relação ao conflito. 

O jornal francês Le Figaro disse em sua edição matinal que Scholz "faz pouco caso da pressão exercida pelos aliados ecologistas". No domingo, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, do Partido Verde, disse que caso a Polônia, apressada em ajudar a Ucrânia, pedisse o aval de Berlim para a reexportação dos tanques Leopard 2, ela seria favorável à solicitação. Ontem, no entanto, a ministra voltou atrás e se alinhou à declaração do primeiro-ministro. 

Apesar da pressão da Polônia, Scholz tem dito que a Alemanha "continuará a agir como sempre fez no passado, consultando todos os amigos e aliados, diante de cada situação concreta". A questão é que Scholz decidiu seguir a posição dos Estados Unidos, que consideram prematuro o envio de tanques pesados neste momento à Ucrânia. 

Segundo Le Figaro, a insistência da Polônia em desafiar a Rússia era vista como "um blefe em algumas capitais europeias". De vinte países que dispõem dos tanques Leopard 2 em seus arsenais, apenas dez estariam dispostos a formar uma coalizão com Varsóvia. A Finlândia e a Holanda, que possuem uma centena de unidades do tanque de fabricação alemã, preferem esperar o sinal verde de Berlim, relata o diário francês.

Na avaliação do Libération, as declarações contraditórias do chanceler alemão e essas fricções entre os líderes do bloco fragilizam a unidade europeia sobre a questão da ajuda militar à Ucrânia.

Les Echos acredita que Scholz irá ceder, convencido da necessidade de reforço repetida pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Entretanto, o jornal critica a comunicação do chanceler alemão, apontada como "desastrosa".

Recrutas abandonados pelo Exército russo

Enquanto se discute o envio dos tanques, o jornal Le Monde publica os primeiros testemunhos de russos recrutados à força na campanha lançada pelo presidente Vladimir Putin, a fim de compensar as perdas massivas em seu Exército.

Duas recentes derrotas militares, na região de Voronej e na aldeia de Pavlivka, provocaram fortes reações na Rússia, inclusive entre blogueiros pró-Kremlim, reporta o Le Monde. Dois recrutas russos sobreviventes de uma carnificina contaram ao jornal online russo Verstka que de 540 homens enviados para combate na Ucrânia, apenas 40 sobreviveram após três dias de bombardeios contínuos da artilharia ucraniana.

De acordo com os sobreviventes, eles não receberam qualquer apoio de Moscou. Recrutados entre a população civil masculina, sem qualquer experiência militar anterior, eles são enviados à linha de frente da batalha como buchas de canhão. 

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