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Imprensa francesa lembra os dez anos da catástrofe de Fukushima

Os jornais franceses desta quinta-feira (11) lembram os dez anos do desastre de Fukushima, no Japão. Eram 14h46 da fria sexta-feira de 11 de março de 2011, quando os edifícios começaram a tremer violentamente no nordeste do país, cenário de um dos mais intensos terremotos já registrados no planeta.

Os jornais franceses desta quinta-feira (11) dão destaque para as lembranças e homenagens aos dez anos da catástrofe de Fukushima.
Os jornais franceses desta quinta-feira (11) dão destaque para as lembranças e homenagens aos dez anos da catástrofe de Fukushima. REUTERS - POOL
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O site da revista L’Express traz testemunhos de sobreviventes de quando o tremor de magnitude 9,0 desencadeou um tsunami devastador e a pior tragédia nuclear desde Chernobyl. A sobrevivente Sayori Suzuki conta que não havia vivido nada parecido até então na cidade costeira de Minamisoma. Ela lembra do "seu filho chorando intensamente e dos objetos que começaram a voar das prateleiras".

O terremoto durou longos e terríveis minutos, causando o desabamento de casas e destruindo estradas. Sentido até Pequim, na China, o tremor também abalou a cidade de Tóquio, onde os arranha-céus foram sacudidos, houve incêndios e o transporte público ficou paralisado.

Mas os horrores daquele dia estavam apenas começando. A quilômetros da costa nordeste do Japão, uma série de ondas gigantescas seriam provocadas pelo terremoto, dando cerca de 45 minutos para os habitantes se abrigarem, enquanto o país lançava seu alerta máximo de tsunami.

Em seu testemunho, Miki Otomo lembra que “pegou seu avô e seu cachorro e fugiu de carro, com a onda logo atrás dela, o que a obrigava a ziguezaguear entre obstáculos e a água”.

Os volumes de água vindos do oceano estilhaçaram edifícios de concreto e carregaram barcos, veículos e, às vezes, até destroços em chamas.

Kaori Ohashi passou duas noites presa em uma casa de repouso onde cuidava de 200 idosos. "Achei que minha vida havia acabado", ela conta, lembrando ter visto carros e seus motoristas sendo jogados para fora das estradas pela água turbulenta e pessoas desesperadamente agarradas às árvores, antes de serem arrastadas por uma maré escura.

Consequências a longo prazo

A preocupação com as usinas nucleares na região continua. Três dos seis reatores estavam operando quando o fornecimento de energia foi interrompido pelo terremoto e o tsunami, fazendo com que seus núcleos superaquecessem e derretessem.

Mas este era apenas o começo da catástrofe. O diário Le Monde destaca as consequências a longo prazo vivenciadas até hoje. Mas um comitê da ONU estima que nenhuma morte ou câncer até o momento possa ser atribuída diretamente à radiação, cujos efeitos serão sentidos no meio ambiente por séculos.

O forte terremoto seguido de um gigantesco tsunami matou mais de 18 mil pessoas. O local da usina Fukushima Daiichi, uma das maiores do mundo, foi engolido pelo mar. Além da catástrofe natural, esse foi um dos acidentes nucleares mais graves da história - classificado no nível 7, o mais alto na escala internacional.

O Comitê Científico das Nações Unidas para o Estudo dos Efeitos da Radiação Ionizante fez uma avaliação inicial do impacto do acidente em outubro de 2013. Quase oito anos depois, após levar em conta os estudos e trabalhos publicados nos últimos anos, seus especialistas chegaram à mesma conclusão: nenhuma morte ou efeitos adversos à saúde de residentes da província de Fukushima diretamente atribuíveis à exposição à radiação foram documentados, e há poucas probabilidades de que um efeito futuro na saúde seja perceptível, escreveram eles em um relatório publicado nesta terça-feira (9).

O Courrier International destaca os debates em torno das usinas nucleares desde então. Dez anos após o acidente na usina de Fukushima Daiichi, a maioria dos reatores do país ainda está desligada, nenhuma construção está planejada e projetos no exterior foram abandonados por falta de lucratividade. Uma situação que suscita receios de perda de competências no setor.

“Não temos nenhuma usina 'viva' há dez anos”, afirma Mamoru Hatazawa, CEO da Toshiba Energy Systems. Após o acidente, todas as usinas nucleares do Japão fecharam, prejudicando o ambiente de negócios dos fabricantes de reatores. Apenas alguns dos reatores foram reiniciados, e construir novos agora seria complicado.

Exilados nucleares

Já Les Echos enfatiza que depois que a usina foi destruída e 165 mil pessoas foram evacuadas das cidades vizinhas, o governo japonês prometeu descontaminar a terra e o retorno à normalidade. Mas em Okuma e Futaba, os dois municípios que abrigam a usina nuclear, a missão parece impossível, apesar dos fartos subsídios públicos.

As celebrações em torno do desastre acontecem apenas duas semanas antes da saída, de Fukushima, do revezamento da tocha dos Jogos Olímpicos de Tóquio, chamados de "Jogos da Reconstrução".

Mesmo se a sombra da pandemia paira sobre o evento, adiado para este ano, o governo e os organizadores japoneses esperam que a tocha olímpica volte a atrair a atenção a esta região ainda tão ferida.

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