Futuro do presidente sírio divide participantes de reunião diplomática em Viena
A reunião realizada nesta sexta-feira (30) em Viena sobre a crise síria estagnou em muitos pontos, principalmente sobre o destino do presidente Bashar al-Assad. Mas um processo foi iniciado, no momento em que os Estados Unidos anunciaram o envio dos primeiros soldados americanos em uma operação terrestre. As tropas, no entanto, não vão participar diretamente dos combates.
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Saindo do Hotel Imperial, após oito horas de discussões entre vinte delegações, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, afirmou que o grupo "discutiu todos os problemas, mesmo os mais difíceis". "Há pontos de desacordo, mas avançamos o suficiente para nos encontrarmos novamente, na mesma configuração, em duas semanas".
"O principal ponto de desacordo é o futuro papel de Bashar al-Assad", acrescentou o chefe da diplomacia francesa. "Mas há uma série de pontos em que estamos de acordo, principalmente sobre o processo de transição, a perspectiva de eleições - e como tudo isso deve ser organizado - e o papel das Nações Unidas".
Os participantes consideraram que o Estado sírio deve ser preservado e encarregaram a ONU de negociar um cessar-fogo, indicou à imprensa o secretário de Estado americano, John Kerry.
Ele confirmou que seu país, a Rússia e o Irã "concordaram que discordam" sobre o destino do presidente Assad, uma questão que será nas próximas semanas e, provavelmente, nos próximos meses, a maior divergência nas negociações internacionais.
Desafios significativos
De acordo com a chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, "desafios significativos permanecem". "Mas chegamos a pontos de acordo. A reunião não foi fácil, mas foi histórica", afirmou.
Enquanto os diplomatas trabalhavam em Viena, Washington anunciou o envio para a Síria de cerca de 50 membros de suas forças especiais, assim como o envio de aeronaves de ataque no solo A-10 e caças F-15 para uma base aérea turca. As medidas visam aumentar a capacidade dos Estados Unidos em sua luta contra os grupos extremistas radicais, particularmente o Estado Islâmico.
Um porta-voz da Casa Branca assegurou que a estratégia dos Estados Unidos na Síria "não mudou" e que os soldados enviados não têm "missões de combate".
Apesar de ninguém esperar um grande avanço diplomático em Viena, incluindo o tema do futuro papel do presidente Assad, apoiado por Moscou e Teerã, a mera presença dos protagonistas, cujas posições são extremamente divergentes, é vista como um progresso.
Também participaram da reunião de Viena representantes chineses, libaneses e egípcios, assim como os chanceleres francês, britânico e alemão. "Nós finalmente conseguimos reunir todos em torno da mesma mesa, sem exceção", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.
Após a reunião, ele declarou que "o processo político deve agora conduzir a um acordo entre as partes sírias para atingir a criação de uma estrutura abrangente que permita resolver questões vitais para o país e preparar uma nova constituição e eleições gerais". Por enquanto, está fora de discussão a participação do governo sírio ou da oposição no processo iniciado em Viena.
A Rússia, que insiste com o Irã para que o presidente sírio desempenhe um papel na transição política, iniciou em 30 de setembro uma campanha de bombardeios aéreos na Síria que, desde então, teria destruído 1.623 "alvos terroristas".
O Irã fornece apoio financeiro e militar direto a Damasco, enquanto a Arábia Saudita apóia os grupos rebeldes e participa dos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico.
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