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Tunísia/Terrorismo

Atirador que matou 38 turistas em praia na Tunísia teria usado "droga dos jihadistas"

O estudante tunisiano que matou 38 turistas na sexta-feira passada em um hotel na praia de Sousse, na Tunísia, estaria drogado no momento do ataque com a chamada "droga do Estado Islâmico" ou "droga dos jihadistas". A informação foi divulgada pelo jornal britânico Daily Mail, que ouviu legistas que participaram da autópsia no corpo do estudante, abatido pelas forças de segurança. Nesta quinta-feira (2), a polícia tunisiana deteve sete homens e uma mulher suspeitos de ligação direta com o atentado.

Seifeddine Rezgui, autor do massacre na praia de Susse, na Tunísia.
Seifeddine Rezgui, autor do massacre na praia de Susse, na Tunísia. CAPTURE ECRAN TWITTER
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O jornal britânico Daily Mail ouviu legistas que fizeram a autópsia no corpo de Seifeddine Rezgui. O atirador de 23 anos, que ria enquanto matava os turistas na praia, segundo testemunhas, estaria drogado no momento do ataque. Em seu corpo foram encontrados traços de um estimulante da mesma categoria da cocaína e de outras anfetaminas.

Os legistas suspeitam que o estudante tenha ingerido pastilhas de "Captagon", a droga utilizada pelos jihadistas do Estado Islâmico antes de atentados suicidas e decapitações. Essa anfetamina provoca um estado de euforia e insensibilidade à dor. Misturada com outras drogas, como o haxixe, a Captagon torna a pessoa insensível ao seu próprio sofrimento e ao que causa aos outros.

A polícia tunisiana também confirmou ter encontrado explosivos com Rezgui. Os investigadores suspeitam que ele iria se suicidar depois do atentado, mas acabou abatido antes de acionar a carga. Outra hipótese é que ele estava tão alterado pelo uso da droga, que saiu andando sem pressa pela praia até ser atingido.

Prisão de oito suspeitos

O ministro tunisiano para a Sociedade Civil, Kamen Jendoubi, anunciou hoje a detenção de oito pessoas, incluindo uma mulher, "diretamente relacionadas com a execução" do atentado no hotel Imperial Marhaba.

O ministro anunciou a informação durante a primeira entrevista coletiva sobre a investigação do atentado jihadista mais violento da história do país, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico. Segundo Jendoubi, "toda a rede por trás da ação foi descoberta", sem esclarecer se a polícia ainda procura outros suspeitos. Mais cedo, o ministro tunisiano de Relações com o Parlamento, Lazhar Akremi, havia informado a prisão de 12 suspeitos e que a polícia procurava mais duas pessoas.

O governo tunisiano estabeleceu uma relação entre o atentado de Sousse e o ocorrido em março contra o Museu do Bardo, em Túnis, em que 20 turistas estrangeiros e um policial foram assassinados. É possível, segundo as autoridades, que Seifeddine Rezgui tenha encontrado os dois autores do ataque contra o Museu do Bardo, também mortos pela polícia, em campos de treinamento terroristas na Líbia.

O Reino Unido, que teve 30 cidadãos mortos no atentado de Sousse, participa ativamente das investigações. Dez investigadores britânicos foram enviados à Tunísia, onde trabalham em colaboração com as autoridades locais.

Desestabilização

Berço da Primavera Árabe, a Tunísia enfrenta um recrudescimento do movimento jihadista desde a revolução de 2011, que tirou do poder o ex-ditador Ben Ali. Essa situação é agravada pelo caos que reina na Líbia vizinha, desestabilizada por uma guerra civil sem fim entre milícias islâmicas armadas, forças pró-governo e chefes tribais. A Tunísia também é o país que mais envia combatentes estrangeiros para lutar nas fileiras do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Mesmo nesse contexto difícil, o processo de democratização avança e a Tunísia já realizou duas eleições livres no período pós-ditadura. Ao atacar o setor do turismo, essencial para a economia tunisiana, os jihadistas tentam impedir a consolidação de um país democrático e laico no norte da África.

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