Oposição anuncia boicote às eleições antecipadas na Tailândia

A oposição tailandesa anunciou nesta sábado um boicote às eleições legislativas antecipadas anunciadas pela primeira ministra Yingluck Shinawatra para tirar o país da crise. A decisão leva a Tailândia a um impasse político na véspera de uma grande manifestação prevista para este domingo em Bangcoc.

Ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, durante anúncio do boicote na sede do Partido Democrata neste sábado, em Bangcoc. REUTERS

“Os democratas não vão apresentar candidatos às eleições do dia 2 de fevereiro de 2014”, declarou à imprensa Abhisit Vejjajiva, líder do Partido Democrata. No início do mês, 150 deputados da sigla se demitiram em bloco provocando o anúncio das eleições antecipadas.

“Essas eleições não irão resolver os problemas de nosso país, ainda mais que elas não vão levar a nenhuma reforma ou não vão resgatar a fé das pessoas na política”, afirmou após uma reunião de seu partido, em Bangcoc.

Ele insistiu que a crise é devido ao atual governo. Os manifestantes pedem a renúncia de Yingluck Shinawatra e não dão sinais de que vão desistir. O anúncio do boicote acontece um dia antes do grande protesto marcado para esse domingo nas ruas de Bangcoc.

Segundo a polícia, as manifestações chegaram a reunir 180 mil pessoas em alguns protestos realizados nos últimos 45 dias. Os opositores chegaram a tomar provisoriamente alguns ministérios e até a sede do governo, pedindo, em vão, a intervenção do exército a favor de um golpe.

Os manifestantes exigem a saída da primeira-ministra, acusada de ser uma marionete de seu irmão, Thaksin Shinawatra, ex-premiê tailandês destituído por um golpe de estado, em 2006.

Yingluck Shinawatra se recusa a deixar o cargo e aposta em um desgaste do movimento de contestação.
A decisão pelo boicote do Partido Democrata deve mergulhar o país numa crise ainda mais profunda. A Tailândia não tem tradição de discussão política e a sociedade costuma ficar dividida entre os pró e contra Thaksin.