Irã anuncia redução de exportações de petróleo para 6 países europeus
O Irã anunciou nesta quarta-feira que deverá diminuir suas exportações de petróleo para os países da União Europeia, sem interromper “por enquanto” o fornecimento, como resposta ao embargo gradual imposto ao petróleo do país pelas autoridades europeias. O impacto será relativo, de acordo com os países europeus atingidos pela decisão que repercutiu rapidamente na cotação dos preços do barril de petróleo.
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O diretor do departamento Europa do ministério das Relações Exteriores do Irã, Hassan Tajik, adiantou que o Irã poderá interromper a venda de petróleo a vários países europeus mas não o faria neste momento, segundo ele, por razões humanitárias e devido ao frio.
“Nós podemos substituir imediatamente nossos clientes (europeus). Se não fizemos isso ainda, foi devido a política humanitária do Irã e da situação atual na Europa”, declarou Tajik de acordo com a rádio e televisão IRIB.
As autoridades iranianas convocaram separadamente os embaixadores em Teerã de seis países europeus: França, Itália, Espanha, Grécia, Portugal e Holanda. Segundo a televisão estatal, eles foram informados da intenção do governo iraniano de rever a venda de petróleo a esses países.
Reação
O preço do barrril do petróleo sofreu um ligeiro aumento após o anúncio, reforçando as preocupações sobre o fornecimento de energia aos europeus, apesar da garantia da Arábia Saudita, primeiro exportador mundial, a compensar a redução das exportações iranianas.
O barril de Brent do mar do Norte, para entrega em abril, registrou até 119,99 dólares, sua cotação mais elevada nos últimos seis meses. A alta foi de 2,64 dólares em relação ao fechamento de terça-feira. Em Nova York, o barril do "light sweet crude" para entrega em março atingiu 102,54 dólares, maior valor desde meados de janeiro, um acréscimo de 1,80 dólar em relação ao dia anterior.
O governo iraniano já havia ameaçado interromper imediatamente suas exportações de petróleo para a Europa após o embargo, decidido em janeiro pelas autoridades europeias, como forma de pressionar o país a renunciar ao seu programa nuclear, suspeito de ser uma fachada para a produção de armas atômicas. O regime de Teerã nega as acusações.
O embargo gradual aos europeus só deverá ter início a partir de julho para dar tempo aos países atingidos pela medida a encontrar alternativas às importações de petróleo do Irã.
Se houver mesmo a redução das exportações iranianas, ela não afetará os importadores europeus que têm a intenção de “trocar de fornecedor”, afirmou a Comissão Europeia.
“O petróleo é algo que podemos conseguir no mercado internacional e os sauditas informaram que poderão aumentar sua produção”, afirmou a porta-voz da Comissão encarregada de Energia, Marlene Holzner.
Os países atingidos "vão passar para outros fornecedores", garantiu. O chanceler de Portugal, Paulo Portas, indicou que o país está reduzindo sua dependência do petróleo iraniano de cerca de 6% para 0%.
Segundo país produtor da OPEP, a Organzação dos Países Exportadores de Petróleo, o Irã vende pouco mais de 20% de sua produção (cerca de 600 mil barris/dia) para a União Europeia, especialmente Itália, Espanha e Grécia.
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