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Líbia/OTAN

OTAN nega ter bombardeado comboio para matar Kadafi

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) informou hoje em um comunicado que ignorava o fato de Muammar Kadafi estar num comboio bombardeado ontem, em Sirte, por aviões da organização. Hoje, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos defendeu a realização de uma investigação sobre as circustâncias exatas da morte do ex-ditador. Há suspeita de execução sumária, o que poderia caracterizar crime de guerra.

Coluna de fumaça é vista em Sirte após bombardeio da OTAN contra forças pró-Kadafi no dia 7 de outubro.
Coluna de fumaça é vista em Sirte após bombardeio da OTAN contra forças pró-Kadafi no dia 7 de outubro. REUTERS/Anis Mili
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De acordo com o texto do comunicado, a aviação da OTAN bombardeou 11 carros de forças pró-kadafistas integrantes de um comboio fortemente armado, que tentava sair de Sirte, na manhã de quinta-feira, em alta velocidade. A OTAN afirma que não sabia que Kadafi estava num dos carros atingidos. Ainda de acordo com a versão da OTAN, os veículos, carregados de armas e munições, representavam uma ameaça à população local. O comunicado afirma que a intervenção da OTAN ocorreu com o único objetivo de reduzir a ameaça contra a população civil, como prevê a resolução 1973 da ONU, que autorizou a intervenção na Líbia. "A OTAN não mira indivíduos", afirma o texto.

Hoje, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos defendeu a realização de uma investigação sobre as circustâncias exatas da morte do ex-ditador. Kadhafi estava vivo quando foi capturado e morreu depois. Há suspeita de execução sumária, o que poderia caracterizar crime de guerra. O médico Ibrahim Tika, que examinou o corpo do ex-ditador, afirmou que ele morreu com um tiro no abdome que perfurou seu intestino. O médico acrescentou que depois Kadafi ainda levou um tiro na cabeça.

As declarações do médico, à rede de televisão Al Arabia, aumentam a controvérsia sobre as circunstâncias da morte do ex-ditador. O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição, Mahmoud Jibril, tinha afirmado, na noite de quinta-feira, que Kadafi morreu após receber um tiro na cabeça durante um confronto com rebeldes em Sirte. O dirigente negou que o ex-ditador tenha sido executado e insistiu que não havia ordens para matá-lo.

O emissário do CNT na França, Mansour Saif al-Nasr, não acredita que Kadafi tenha sido linchado. Ele anunciou que uma comissão de investigação será criada para determinar as condições nas quais o ex-ditador morreu.

Versão do CNT

Conforme o relato de Jibril, Kadafi estava a bordo de um jipe em meio a um comboio que foi reparado pelos rebeldes, iniciando um tiroteio. “Ele saiu do carro e tentou fugir, se refugiou em um esgoto. Os rebeldes abriram fogo novamente e ele saiu, portando uma kalachnikov em uma mão e uma pistola na outra”, contou Jibril, em coletiva de imprensa em Trípoli, ao mesmo tempo em que lia um relatório médico sobre a morte do ex-ditador. “Ele olhou para a esquerda e para a direita e perguntou ‘o que está acontecendo?’. Os rebeldes abriram fogo mais uma vez, ferindo-o no ombro e na perna.”

De acordo com o presidente do CNT, depois disso o ex-ditador não apresentou mais resistência e foi levado para uma caminhonete dos insurgentes. “Quando o veículo começou a andar, iniciou-se mais um tiroteio entre os revolucionários e os guarda-costas de Kadafi, que o atingiu com uma bala na cabeça”, relatou, informando que o médico legista que examinou o corpo não determinou se a bala que o matou vinha dos insurgentes ou dos kadafistas. O presidente do CNT acrescentou que Kadafi morreu pouco antes de chegar ao hospital.

Os corpos do ex-presidente e de um de seus filhos, Muatassim, encontram-se em uma casa em Misrata, uma das cidades-símbolo da revolução líbia. A agência AFP realizou fotos do ditador, em que ele aparece sem camisa e com marcas de sangue no abdome e na cabeça.

Nas ruas das principais cidades da Líbia, a população festejou a morte de Kadafi com comemorações nas ruas, tiros para o alto, fogos de artifício, buzinadas e bandeiras do novo regime.

OTAN se reúne para definir estratégia de retirada da Líbia

O desengajamento progressivo da coalizão ocidental deverá ser anunciado durante a reunião do conselho de embaixadores dos 28 países membros da OTAN, que acontece na tarde desta sexta-feira, em Bruxelas. Segundo um porta-voz da OTAN, a retirada completa do dispositivo militar deve estar concluída em duas semanas. Algumas operações aéreas de vigilância seriam mantidas nesse período. A aliança militar vai levar em conta a capacidade do CNT de garantir a segurança do país.

A OTAN assumiu o comando das operações de apoio aos rebeldes líbios em março passado, oficialmente para aplicar uma zona de exclusão aérea prevista na resolução 1973 das Nações Unidas, visando proteger a população civil da violência das forças kadafistas.

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