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França

Macron processa fotógrafo em tentativa de controlar a mídia

O presidente francês, Emmanuel Macron, tem sido visto na França como alguém que quer a todo custo controlar a mídia e o que é publicado sobre ele. Após prestar queixa contra um fotógrafo na terça-feira (15), ele deixou esta mensagem ainda mais em evidência. O fotógrafo, que tentava registrar as férias do casal presidencial em Marselha, diz ter ficado seis horas em custódia e lamenta o episódio, visto como uma forma de intimidação por especialistas.

O presidente Emmanuel Macron com sua esposa Brigitte no Palácio do Eliseu
O presidente Emmanuel Macron com sua esposa Brigitte no Palácio do Eliseu REUTERS/Thibault Camus/Pool
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Há apenas alguns meses, durante a campanha presidencial, Macron ainda posou de boa vontade diante das câmeras dos jornalistas, multiplicando sua imagem nas primeiras páginas de revistas. O presidente decidiu mudar a estratégia e mostra mais uma vez o seu desejo de controlar a comunicação em torno dele.

Segundo Arnaud Mercier, professor de Comunicação Política e Digital da Universidade Paris II, em entrevista à RFI, trata-se de “uma manobra de intimidação do presidente para tentar fixar as regras desde o início de seu mandato”, dando, assim, continuidade a uma “relação difícil” com a imprensa. Esta manobra seria para evitar que o fato se repita.

Mercier analisa que Macron joga em dois times: se por um lado ele quer aparecer na mídia e dar visibilidade a alguns aspectos da sua vida, por outro lado o chefe de Estado tenta controlar quais aspectos serão mediatizados. Por exemplo: ele quer passar uma mensagem de que está de férias na França (e não saiu do país), leva uma vida saudável, pratica corrida. Aproveita para visitar lugares relacionados aos Jogos Olímpicos e mostra que segue trabalhando pelo país.

“Macron quer mediatizar o que ele escolhe. Fica claro que ele quer visibilidade, mas não quer muitos jornalistas em volta”, diz o professor.

“Ele está descobrindo como manejar as estratégias de comunicação. Mas tem de entender que há uma diferença entre ser candidato e ser presidente”, acrescentou o especialista em comunicação política e digital.

Presidentes versus imprensa

Na França, não é comum que um presidente preste queixa contra a imprensa, embora isso já tenha ocorrido durante o mandato de Nicolas Sarkozy (2007-2012), que foi flagrado mandando mensagens para sua ex-mulher, Cécilia, dias antes de seu casamento com a atual esposa, Carla Bruni.

Sob o mandato de François Hollande (2012-2017), a situação mudou: vários momentos da privacidade do presidente apareceram na imprensa. Em resposta, nenhuma acusação foi feita, uma escolha deliberada de sua parte. Diferentemente de Emmanuel Macron, que, ao prestar queixa contra o fotógrafo por assédio, mostra que com ele a tolerância é zero.

Enquanto isso, a revista francesa Elle anuncia para esta sexta-feira, uma matéria de capa e uma entrevista exclusiva com a primeira-dama Brigitte Macron, em que ela revelaria intimidades, mostrando a estratégia de comunicação ambivalente do casal presidencial.

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