Milhares de estudantes franceses saem às ruas: "Nem Le Pen, nem Macron"
"Nem Le Pen, nem Macron". "Nem racista, nem banqueiro". "Valemos mais do que isso". Com hashtags nas redes sociais e palavras de ordem estampadas em cartazes, milhares de estudantes saíram às ruas nesta quinta-feira (27) nas principais cidades da França para protestar contra os resultados do primeiro turno da corrida presidencial francesa.
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"Nem Marine, nem Macron, nem patrão", gritavam os cerca de 3 mil estudantes que saíram às ruas nesta quinta-feira (27) em grandes cidades francesas como Paris, Nantes (oeste), Rennes (noroeste), Lyon (sudeste) e Toulouse (sudoeste).
Cerca de mil alunos do ensino médio marcharam por Paris entre 11h da manhã e 14h locais, realizando um trajeto da Praça da República até a Cour de Vincennes, no leste da capital f'rancesa, onde as forças de ordem dispersaram com bombas de gás lacrimogêneo o que chamaram de "manifestação selvagem".
Durante o protesto, os estudaram picharam sobre lixeiras e muros o slogan "Ni Le Pen, ni Macron" ("Nem Le Pen, nem Macron", em português) e o vidro de uma agência bancária foi quebrado, aos gritos de "anticapitalismo". Grupos de jovens chegaram a arremessar garrafas contra policiais e gendarmes, que responderam com gás lacrimogêneo, especialmente na região da Praça da Bastilha, no coração de Paris.
Carregando uma bandeirola com a frase "Pare a marcha, apague a chama, tudo vai explodir em Paris" [uma referência ao movimento Em Marcha! do candidato Emmanuel Macron e à chama tricolor, a logomarca Lepenista], a jovem Joséphine, estudante do último ano do liceu Louis-le-Grand afirmou que vai votar em Macron "por falta de opção". "Mas isso me chateia bastante", completou a jovem que celebrou seus 18 anos na véspera do primeiro turno da eleição presidencial francesa, que aconteceu em 23 de abril.
"Nem pátria, nem patrão"
Na frente do tradicional Liceu Voltaire, no 11° distrito de Paris, um enorme cartaz barrava a entrada, com os dizeres "Nem Marine [Le Pen], nem [Emmanuel] Macron, nem pátria, nem patrão".
Cerca de mil estudantes saíram também em Rennes, metrópole do noroeste francês, convocados nas redes sociais pela hashtag #OnVautMieuxQueça ("Valemos mais do que isso"). Mesmo que o protesto tenha se desenrolado sem incidentes graves, manifestantes foram impedidos pela polícia de chegar ao centro histórico, sendo dispersados por bombas de gás lacrimogêneo antes de encontrarem os colegas.
Dezenas de estudantes invadiram os trilhos da rede de transporte ferroviário francesa SNCF, causando atrasos de até 30 minutos na circulação dos trens de passageiros.Após o fim dos protestos, vários grupos de estudantes continuavam no centro de Rennes, vigiados por helicópteros da Gendarmerie francesa.
"Não são os imigrantes e os sem documentos que devemos expulsar, é a Marine Le Pen e o Macron", gritavam os manifestantes. "Os verdadeiros antissistema somos nós", diziam em cartazes os estudantes, numa referência ao discurso de ambos os candidatos no segundo turno da eleição presidencial francesa.
Em Nantes, outra grande cidade do oeste francês, cerca de 400 estudantes protestaram com palavras de ordem como "Nem pátria, nem patrão, vamos f... estas eleições" e "Macron, Le Pen, as finanças ou o ódio". Em Lyon, 300 jovens se manifestaram segundo a polícia local. Na frente da prefeitura, uma enorme bandeira com os dizeres "Pelos meus atos e consciência, eu voto 365 dias por ano. Você, que só se mobiliza durante dois domingos a cada cinco anos, vote como achar melhor, mas não venha me dar lição de moral".
Em Toulouse, 250 alunos marcharam aos gritos de "nem banqueiro, nem fascista", uma referência aos candidatos Emmanuel Macron e Marine Le Pen. A manifestação na "cidade rosa" transcorreu sem incidentes.
Veja abaixo a manifestação dos estudantes em Paris:
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