Filme sobre Carlos, o Chacal, estreia em Cannes

Um dos destaques do festival internacional de cinema de Cannes, nesta quarta-feira, é a apresentação do filme « Carlos », assinado pelo francês Olivier Assayas. A obra é baseada na vida de Carlos, o Chacal, figura emblemática do terrorismo dos anos 70 e 80.

Cena do filme "Carlos", do diretor Olivier Assayas. festivaldecannes.fr

Com 5h30 de duração, « Carlos » tenta colocar na tela um perfil completo do venezuelano Ilitch Ramirez Sanchez, terrorista conhecido como Carlos, o Chacal. A obra ambiciosa levou mais de dois anos para ser preparada e custou 14 milhões de euros. Para tentar recriar fielmente a biografia do terrorista, o diretor Olivier Assayas contou com a colaboração do escritor Dan Franck e do jornalista Stephen Smith. « A trajetória de Carlos é o retrato de uma época anterior à queda do muro de Berlim », explica Daniel Leconte, produtor do filme.

« Revolucionário profissional », o terrorista venezuelano trabalhou para a causa palestina, para o governo soviético e participou de uma série de atentados pela Europa. No filme, Olivier Assayas e Dan Franck narram duas décadas da atribulada vida do terrorista até a sua prisão no Sudão em 1994.

Desde a sua prisão, "Carlos, o Chacal", cumpre uma condenação à prisão perpétua na França. Ao saber sobre o filme, o venezuelano pediu que a Justiça francesa o autorizasse a ver o filme antes da sua exibição nas telas. A Justiça, porém, negou o pedido por considerar que isso seria "radicalmente contra a liberdade de expressão". Em entrevista à imprensa francesa, Carlos, porém, afirmou que o roteiro do filme não é fiel aos fatos. "É uma manipulação e é uma mentira deliberada », disse.

De acordo com o filme, a tomada de reféns da Opep em 1975, em Viena, foi encomendada ex-presidente iraquiano Saddam Hussein. Mas, segundo o terrorista, a ação teria sido idealizada pelo líder líbio Muammar Kadhafi.
O filme Carlos é apresentado fora de competição em Cannes e será exibido também pela televisão francesa em três partes.