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Atos antissemitas quadruplicaram na França em 2023, aponta relatório

Os atos antissemitas quadruplicaram na França no ano passado: 1.676 agressões desse tipo foram registradas no país, contra 436 em 2022. A explosão de casos de incitação ao ódio e discriminação aos judeus se concentrou no último trimestre do ano, depois do ataque terrorista do Hamas em Israel, em 7 de outubro, e o início da guerra na Faixa de Gaza. Os dados fazem parte de um relatório divulgado nesta quinta-feira (25) pelo Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif).

Policial francesa protege entrada da sinagoga de Sarcelles, na região parisiense.
Policial francesa protege entrada da sinagoga de Sarcelles, na região parisiense. AFP - GEOFFROY VAN DER HASSELT
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Em entrevista à agência AFP, o presidente do Crif, Yonathan Arfi, sublinhou que a França nunca registrou um grau tão elevado de antissemitismo desde a Segunda Guerra Mundial. O país conta com a maior comunidade judaica da Europa, composta por cerca de 500 mil pessoas.

O dirigente lembra que houve algumas dezenas de casos desse tipo na década de 1990 e algumas centenas no período de 2000-2022. Mas depois do ataque do Hamas, a alta registrada foi de 1000%, assinalam os jornais Le Monde e Le Parisien, que traz o tema na manchete.

Do início de maio ao final de setembro de 2023, a França registrou cerca de 40 atos antissemitas por mês. Nos últimos três meses do ano, a alta foi impressionante: 563 casos em outubro, 504 em novembro e 175 em dezembro. No início de novembro, uma grande manifestação contra o antissemitismo reuniu milhares de pessoas nas ruas em Paris

Violência e ameaças

Cerca de 58% das ocorrências assinaladas em queixas ou denúncias à polícia envolvem violência física, palavras e gestos ameaçadores contra judeus, de acordo com o relatório que reúne notificações registradas pelos ministérios da Educação, do Interior e pelo Serviço de Proteção à Comunidade Judaica (SPCJ). As palavras e os gestos ameaçadores representam mais de 40% dos casos e aconteceram principalmente na esfera privada (32%) e nas ruas (20,4%), com menor incidência (7,5%) na internet.

Outro ponto preocupante para o Crif é que 12,7% dos atos antissemitas ocorreram em ambiente escolar. “Pela primeira vez em muito tempo, as próximas gerações estarão mais expostas ao preconceito antissemita do que as gerações anteriores”, explica Yonathan Arfi. Ele aponta três fatores que contribuem para esse fenômeno: ódio a Israel, o islamismo e teorias da conspiração.

Falta de empatia com os judeus

Na avaliação da entidade judaica, a visão de civis israelenses massacrados pelo Hamas em 7 de outubro catalisou o ódio, ativou o antissemitismo latente e desinibiu a manifestação do preconceito. Ao invés de despertar empatia pelos judeus, as atrocidades cometidas pelo movimento islâmico palestino no sul de Israel tiveram o efeito contrário na França.

Para Yonathan Arfi, "o antissemitismo é uma questão que ultrapassa a comunidade judaica e assinala e evolução de alguma coisa inquietante nas sociedades em que se desenvolve".

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