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França apela para "internato educativo" para adolescentes violentos e reativos à autoridade

A imprensa francesa detalha nesta terça-feira (23) medidas propostas pelo primeiro-ministro Gabriel Attal para adolescentes violentos, com idades de 11 a 16 anos: os internatos voltados à educação cívica. As vagas serão preenchidas por jovens que não obedecem mais aos pais e estão no limite da delinquência ou do crime. O retorno do "respeito à autoridade" está no centro das preocupações, após uma série de crimes cometidos por jovens nos últimos meses. 

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, ri com alunos no refeitório da escola Parc Imperial, onde lançou o projeto de "internato educativo", em Nice, sudeste da França. 22 de abril de 2024
O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, ri com alunos no refeitório da escola Parc Imperial, onde lançou o projeto de "internato educativo", em Nice, sudeste da França. 22 de abril de 2024 AFP - VALERY HACHE
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O jornal Le Parisien visitou o primeiro internato adaptado para o projeto, em Nice, na Riviera Francesa. No local, são acolhidos jovens sem ficha policial, mas que não respeitam a autoridade dos pais ou de professores na escola. Nesse tipo de internato para não delinquentes, os adolescentes passam 15 dias longe da família, durante as férias escolares. Eles participam de atividades de "desconstrução de ideias falsas", desintoxicação de redes sociais, recebem cursos de educação cívica, aprendem a identificar e se afastar de más companhias, além de serem estimulados para atividades culturais. 

O segundo tipo de internato, para menores que foram expulsos da escola por assédio ou violência contra colegas e professores, prevê um ano de residência em estabelecimentos da rede pública de ensino. Alguns jovens chegam a esses pensionatos por ordem judicial, mas na maior parte dos casos, nas duas fórmulas, os Ministérios da Educação e da Justiça privilegiam a negociação com os pais, que devem autorizar o internato educativo. As famílias sem recursos têm direito à gratuidade completa do ensino ou a bolsas de estudos, de acordo com a renda familiar.

Famílias resistem

O jornal Le Figaro relata que a França tem 230 mil vagas em internatos da rede pública. Segundo o Ministério da Educação, em 2022-2023, um pouco mais de 175 mil vagas estavam preenchidas. A ideia do governo, segundo o primeiro-ministro, é utilizar os quartos não ocupados para esse projeto de "internato educativo" de menores à beira da delinquência. Entretanto, a imprensa e especialistas questionam se misturar alunos sem problemas de disciplina com adolescentes problemáticos é uma boa ideia.

Em reportagem numa escola de ensino médio de Saint-Denis, ao norte de Paris, periferia que registra sérios problemas de delinquência, um educador que trabalha em binômio com professores diz ao jornal Les Echos que enfrenta forte resistência das famílias em aceitar o internato. Ele também aponta falta de recursos do Estado no financiamento da rede de profissionais especializados que é preciso mobilizar nesses estabelecimentos para enquadrar os alunos mais violentos.

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