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Parisienses realizam ato polêmico contra racismo e islamofobia no contexto da violência policial

Milhares de pessoas marcharam em Paris no domingo (21) "contra o racismo e a islamofobia", como parte de uma marcha que visava especialmente a "violência policial". O protesto, que havia sido inicialmente proibido pela autoridade policial por conta de sua temática, por fim foi autorizada pelos tribunais da França.

Manifestantes seguram uma faixa com os dizeres "parem com o racismo, parem com a islamofobia" durante um protesto em Paris, em 21 de abril de 2024.
Manifestantes seguram uma faixa com os dizeres "parem com o racismo, parem com a islamofobia" durante um protesto em Paris, em 21 de abril de 2024. AFP - ALAIN JOCARD
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Segundo a polícia, foram cerca de 3 mil pessoas que marcharam em Paris "contra o racismo e a islamofobia" em uma tarde de primavera (outono no hemisfério sul) com temperaturas na casa dos 10 graus.

A manifestação havia sido proibida na quinta-feira (18) pela autoridade policial, com o argumento de que a denúncia da convocação de "crimes policiais" contra jovens "provavelmente atrairia elementos que buscavam deliberadamente o confronto com as forças da lei e da ordem", com o risco de "perturbar a ordem pública". Entretanto, na sexta-feira (19), o Tribunal Administrativo de Paris suspendeu a proibição, considerando que a mesma constituía "uma infração grave e ilegal da liberdade de manifestação".

Marchando atrás de uma faixa que dizia "Nossas crianças estão em perigo", os manifestantes caminharam na zona central da capital francesa no início da tarde em resposta a um chamado de cerca de 50 organizações, incluindo a França Insubmissa, o NPA (Novo Partido Anticapitalista), Attac e Solidaires.

"A violência policial é a forma mais grave de violência que afeta nossas crianças, aquelas que vivem nos subúrbios, crianças pobres, negras ou árabes", disse Yessa Belkhodja, co-iniciadora da marcha. Mas "essa violência é apenas parte da violência, há a violência cotidiana", acrescentou.

A manifestação estava prevista para terminar na Praça da República com um show às 18h (13h de Brasília), com a participação do rapper Médine.

"Nossas crianças não são um jogo justo para os policiais", diziam os cartazes. Outros, citando Frantz Fanon, psiquiatra e filósofo negro natural das Antilhas francesas, que diziam "o racismo é uma praga para a humanidade".

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Pessoas cada vez mais conscientes

De acordo com a psiquiatra Fatma Bouvet de la Maisonneuve, "as pessoas estão cada vez mais conscientes de que a França mantém uma imaginação colonial coletiva e que um certo número de pessoas de países ex-coloniais é considerado sub-humano".

Uma manifestante, Jennifer Kalam, assistente de creche de 44 anos, disse: "Estou farta desse sistema judiciário de dois níveis", com os "olhares que recebemos quando saímos de nossos bairros", as "buscas, o perfil racial".

Assim como ela, muitos dos manifestantes usavam um keffiyeh (um tradicional lenço quadrado dobrado e usado em volta da cabeça, pelos homens no Oriente Médio) em solidariedade ao povo da Faixa de Gaza, onde o exército israelense mais uma vez realizou bombardeios mortais no domingo, especialmente na cidade de Rafah.

A manifestação, que contou com bandeiras palestinas, ocorre mais de seis meses depois do início da guerra contra o Hamas no território palestino, após o ataque do Hamas em 7 de outubro.

"Se estamos aqui em um momento em que os palestinos estão sendo amplamente desumanizados (....), é para dizer que todas as vidas valem o mesmo (...) O fio condutor que carregamos hoje é a igual dignidade dos seres humanos", disse Mathilde Panot, líder dos deputados do partido de esquerda França Insubmissa, a alguns jornalistas no local.

(Com informações da AFP)

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