Juventude e minoria no Congresso: os desafios de Attal como novo premiê, segundo jornais franceses

As capas de quase todos os jornais franceses, nesta quarta-feira (10), trazem o novo primeiro-ministro da França, Gabriel Attal. Os jornais comentam os variados aspectos da nomeação do novo premiê, feita na terça-feira (9) pelo presidente francês Emmanuel Macron, depois da renúncia de Elisabeth Borne do cargo, no começo da semana.  

O recém-nomeado primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, discursa durante a cerimônia de transmissão de cargo, no Hotel Matignon, em Paris, em 9 de janeiro de 2024. via REUTERS - POOL

O jornal Le Parisien destaca que o novo chefe de governo, de 34 anos, é o mais jovem na história da República francesa e diz que Attal assume suas “novas funções em um momento (da vida) em que a maioria das pessoas está se preparando para o cargo”. O diário enumera as 12 principais tarefas e desafios de Attal como novo ocupante do Palácio de Matignon [onde sedia o premiê francês], dentre elas a necessidade de afirmar sua autoridade mesmo tão jovem e formar um governo, além de gerenciar as consequências da Lei de Imigração e fazer dos Jogos Olímpicos de 2024 um sucesso.  

📰 La une du Parisien du 10 janvier

➡️ https://t.co/gIISCuGW8A pic.twitter.com/RaJrJQvzbL

— Le Parisien (@le_Parisien) January 10, 2024

O Parisien faz ainda uma reflexão ao apontar sua “carreira meteórica” na política: “ele poderia ter imaginado, quando se juntou ao partido República em Marcha, em 2016, que levaria apenas oito anos para se tornar uma das figuras mais importantes do Estado francês?”

O Le Monde enfatizou a saída de Elisabeth Borne do Palácio do Eliseu por uma “porta discreta” e as palavras de Macron publicadas ao novo premiê após sua posse, que espera contar com "a energia e a coragem” de Attal, para “travar as batalhas necessárias” no governo. 

O Libération deu ênfase à cerimônia de posse de Attal, na terça-feira (9), e adiciona que “ele terá a difícil tarefa de se impor a um governo que é mais velho e mais experiente do que ele, e a uma Assembleia onde, como Borne, ele não tem maioria”. 

Macron Premier ministre : c'est la une de @Libe mercredi.

À 34 ans, Gabriel Attal, sosie politique du Président, devient le plus jeune chef de gouvernement de la Ve République. pic.twitter.com/IGamnlJ8fd

— Libération (@libe) January 9, 2024

Sob as bandeiras da "audácia", "movimento" e "energia", “o mais jovem primeiro-ministro da Quinta República”, foi nomeado pelo mais jovem presidente, lembrou o Libé. A publicação sublinha que Attal, quem chama de “produto puro do macronismo” e que “deve sua existência política a ele”, falou ao chefe de Estado sobre sua "gratidão" e "lealdade" durante seu discurso de posse. Attal, que passou cinco meses e vinte dias a frente do Ministério da Educação Nacional, promete levar a Matignon "a causa da escola" como uma das maiores prioridades de sua gestão. 

A edição do dia do La Croix também destacou em sua capa que a juventude e popularidade do novo chefe de governo “pesaram muito na balança” pela escolha de seu nome. No entanto, o jornal pondera que a nomeação é um novo e grande risco para o presidente da República. 

A la une de @LaCroix

🟠Dans le sillage du président
➡️ Le bilan de l ’année 2023 dans l’oeil du climat
➡️ « Un silence » de Joachim Lafosse scrute le poids du déni
➡️ Que faire de nos déchets verts ? pic.twitter.com/Ejfz4qdnyi

— La Croix (@LaCroix) January 9, 2024

O jornal elenca a “incompleta” experiência política de Gabriel Attal e seu conhecimento do complexo funcionamento do governo ainda “imperfeito”, indicando que Macron precisará ter paciência com o jovem. 

Já nesta quarta-feira, Attal deu o pontapé inicial sondando para seu chefe de gabinete o experiente Emmanuel Moulin, atualmente diretor do Tesouro e próximo ao ministro da Economia, Bruno Le Maire, e do secretário-geral do Eliseu, de acordo com fontes à agência AFP.

Já a capa do Le Figaro estampa a “audácia” de Emmanuel Macron com a nomeação do jovem político, que agradou alguns e desagradou tantos em sua complexa estrutura de governo. Recordando que o presidente francês ainda possui inúmeros desafios pela frente até 2027, quando acaba seu segundo mandato.