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Deputado da esquerda condenado por violências domésticas volta às funções na Assembleia da França

Os principais jornais franceses que chegaram às bancas na manhã desta quarta-feira (12) repercutem a reintegração do deputado da esquerda radical Adrien Quatennens ao partido França Insubmissa e sua volta à Assembleia francesa, após ser condenado em dezembro por violências domésticas. A decisão acentua as divisões dentro da aliança das legendas progressistas Nupes. Socialistas denunciam "um erro político". 

O deputado Adrien Quatennens, do partido da esquerda radical França Insubmissa, em 11 de janeiro de 2023.
O deputado Adrien Quatennens, do partido da esquerda radical França Insubmissa, em 11 de janeiro de 2023. AFP - JULIEN DE ROSA
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O jornal Le Parisien destaca que o retorno de Quatennens às funções parlamentares foi submetido a voto na terça-feira (11) e a maioria dos membros de seu partido, 53, se pronunciaram a favor de sua reintegração. Seis parlamentares da França Insubmissa votaram contra.

Quatennens, 32 anos, foi condenado no final do ano passado a quatro meses de prisão com sursis por ter cometido violências contra a esposa entre outubro e dezembro de 2021. O caso veio à tona depois que o jornal francês Le Canard Enchaîné revelou que Céline Quatennens registrou uma queixa na polícia acusando o marido de a ter agredido quando ela anunciou sua intenção de se divorciar.

Segundo o diário Le Parisien, o deputado participa de um curso de sensibilização às violências domésticas até o final deste mês. Mas, a partir desta quinta-feira (13), ele poderá voltar à sua rotina normal de deputado na Assembleia francesa. 

"Após a explosão, a reintegração" é o título de uma matéria no jornal Libération, que trata do mal-estar que o caso de Quatennens causa entre os deputados de seu partido e as divisões que sua volta suscita na aliança da esquerda no Parlamento, principalmente entre as mulheres. "O que eu faço se eu cruzar com ele no corredor?", diz uma deputada da esquerda radical, sob anonimato, ao diário.

Libé lembra que, após a condenação de Quatennens, em dezembro de 2022 e uma suspensão de quatro meses, o partido França Insubmissa já havia decidido reintegrá-lo sob a condição de que ele realizasse uma formação sobre violências domésticas. Mas várias lideranças políticas defendem sua demissão, como a ministra encarregada da Igualdade entre Mulheres e Homens, Isabelle Rome. 

"Terrível mensagem" aos eleitores

O jornal Les Echos afirma que "a esquerda não precisava mais dessa". Para vários deputados progressistas, a reintegração de Quatennens envia "uma terrível mensagem" aos eleitores sobre a questão extremamente sensível das violências domésticas.

Em comunicado emitido na terça-feira, o Partido Socialistas afirma que a volta do parlamentar é "um erro político". Já os ecologistas pensam que Quatennens não pode mais integrar a aliança progressista Nupes na Assembleia. Mesmo posicionamento da parte dos comunistas que dizem que o deputado foi condenado por "fatos graves" e deveria renunciar ao cargo. 

Les Echos afirma ser incompreensível a decisão do partido França Insubmissa de manter uma figura tão problemática entre seus membros. Entre os maiores defensores do parlamentar condenado, está Jean-Luc Mélenchon, principal liderança da esquerda na França que até antes do caso vir à tona considerava Quatennens como seu sucessor. Outros pesos-pesados da legenda, como Clémentine Autain, Alexis Corbière e Danielle Simonet, não escondem sua insatisfação com a reintegração do colega. 

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