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França: deputadas criticam retorno de parlamentar condenado por violência doméstica à Assembleia

Um grupo de deputadas francesas denunciou, nesta sexta-feira (16) o retorno à Assembleia Nacional, em janeiro, do parlamentar Adrien Quatennens, condenado na terça feira (13) a quatro meses de prisão com sursis por violência doméstica.

A Justiça francesa condenou o deputado Adrien Quatennens, considerado há muito tempo o pupilo do líder radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon, a quatro meses de prisão com direito a sursis por "violência" contra sua esposa.
A Justiça francesa condenou o deputado Adrien Quatennens, considerado há muito tempo o pupilo do líder radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon, a quatro meses de prisão com direito a sursis por "violência" contra sua esposa. AFP - THOMAS SAMSON
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As parlamentares criticaram uma entrevista que Adrien Quatennens, deputado do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) concedeu na quarta-feira (14) ao canal francês BFMTV . Ele anunciou seu retorno à Assembleia como deputado não registrado a partir de janeiro e afirmou "não ser um homem violento".

"Isto vai contra a nossa luta feminista", tuitou a eurodeputada e co-presidente do Grupo de Esquerda no Parlamento Europeu Manon Aubry, também do LFI. "Como muitas, sinto um profundo desconforto com as entrevistas de Adrien Quatennens", acrescentou.

"Após uma condenação por violência doméstica, não vamos à TV para minimizar ou 'contextualizar' revelando o passado da vítima", escreveu Aubry.

“Só tenho uma coisa a dizer sobre a comunicação pessoal de Adrien Quatennens: não em meu nome, não em nosso nome”, assegurou, também no Twitter, a deputada Sarah Legrain (LFI), integrante da célula contra a violência sexista e sexual de elementos do seu partido.

Suspenso por quatro meses do seu grupo na Assembleia Nacional após quatro meses de prisão com suspensão condicional da pena por violência contra a mulher, o deputado declarou-se vítima de um "linchamento midiático" e se recusou a renunciar.

Desde o início deste caso, A França Insubmissa, o partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon - que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais deste ano - foi abalado pela polêmica.

"Se fosse do nosso partido, ele não voltaria"

Se estivesse entre os deputados do partido Renascença (centro, base do governo Macron), Adrien Quatennens "nunca" poderia ter voltado ao seu grupo, disse a presidente do partido, Aurore Bergé, criticando a decisão do LFI de apenas suspendê-lo por quatro meses.

"Qualquer pessoa que, no meu grupo, fosse condenada por violência sexual, por violência de gênero, por atos de violência doméstica, nunca mais terá lugar aqui", declarou a líder dos deputados da maioria na RMC/BFMTV.

Bergé, que apresentou em junho o projeto de lei para introduzir o direito ao aborto na Constituição francesa, acrescentou que a condenação de Quatennens "não é nada comparada aos atos que ele cometeu".  

Ela criticou "a entrevista que ele ousou dar no mesmo dia de sua condenação". “Ele passou uma hora explicando que foi ele a vítima, que foi vítima de um linchamento”.

“É ele que é culpado, não é a mulher dele”, insistiu, reiterando que ele passou “uma mensagem totalmente contraproducente para todos aquelas que hoje são vítimas e que devem ser incentivados a prestar queixa".

“Todas as mulheres vítimas de violência doméstica dizem: sempre começa com uma primeira agressão. Adrien Quatennens agora está tentando fingir ser a vítima. É indecente. Não devemos deixar passar", tuitou a deputada. 

Questionada sobre o ex-ministro da Solidariedade, Damien Abad, que está entre os deputados de seu partido, apesar de várias acusações de estupro, Aurore Bergé afirmou que se alinha à versão da Justiça.

(Com informações da AFP)

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