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Macron não recua de reforma e compara violência de protestos na França com 8 de janeiro no Brasil

O presidente francês, Emmanuel Macron, comparou, nesta quarta-feira (22), os distúrbios nas manifestações contra a contestada reforma das aposentadorias na França com a invasão à sede dos Três Poderes no Brasil, em 8 de janeiro, e o Capitólio nos Estados Unidos. O chefe de estado defendeu a nova lei e afirmou que ela deve entrar em vigor até o fim deste ano. 

O presidente Emmanuel Macron durante entrevista sobre reforma da Previdência, em 22 de março de 2023.
O presidente Emmanuel Macron durante entrevista sobre reforma da Previdência, em 22 de março de 2023. AFP - LUDOVIC MARIN
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“Não podemos aceitar nem os subversivos, nem as facções” após a adoção por decreto da reforma previdenciária, declarou Emmanuel Macron em entrevista à televisão. O presidente criticou a presença de “grupos que usam a violência” entre os manifestantes que estão nas ruas desde a última quinta-feira (16).

"Quando os Estados Unidos viveram o que viveram no Capitólio, quando o Brasil viveu o que viveu (...), eu digo muito claramente", "não podemos aceitar nem os subversivos, nem as facções", explicou o chefe de Estado, em referência às invasões de instituições nos dois países. “Não vamos tolerar nenhum tumulto”, insistiu.

Emmanuel Macron também disse estar pronto a aceitar "a impopularidade" para implementar a reforma. "Eu não procuro uma reeleição (...), mas entre pesquisas de popularidade e o interesse geral do país, escolho o interesse geral do país", argumentou, ao dizer "assumir " a decisão, sem "arrependimentos".

Desde o final de semana, manifestações têm acontecido todas as noites contra a reforma em várias grandes cidades francesas. Algumas delas foram palco, incluindo Paris, de confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Entrevista esperada

Durante a entrevista, a primeira concedida pelo presidente desde que a reforma foi aprovada por decreto, na quinta-feira (16), ele defendeu o interesse geral e a "necessidade" do texto. Macron afirmou que a reforma deve "entrar em vigor até o final do ano".

"Esta reforma é necessária, não me agrada, gostaria de não a ter feito, mas também por isso me comprometi a fazê-la", declarou o chefe de Estado, prometendo que o texto vai entrar em vigor até o final do ano "para que as coisas se encaixem", e em particular que 1,8 milhão de aposentados passem a receber a mais "cerca de 600 euros por ano em média".

"Por que chegamos até aqui? [Porque] durante uma década dizemos ao país que podíamos gastar sem produzir", afirmou. "Isso não funciona. É uma mentira", disse.

Voto de confiança

Ele voltou a repetir que confia na primeira-ministra Elisabeth Borne, afastando a ideia de uma reforma ministerial, mas admitiu que ela teria que "aumentar o apoio na Assembleia". 

"Ela assumiu suas responsabilidades com seu governo e diante do Parlamento", disse sobre a chefe de governo. "Portanto, ela tem minha confiança para liderar esta equipe do governo", completou. 

Apesar de não ter conseguido votar sua reforma, o presidente disse que isso não o condenava à "paralisia" durante os próximos anos de governo, insistindo que continuará suas reformas. O próximo texto controverso a ser analisado na Assembleia é a Lei sobre a imigração. 

"Desprezo" e "fora da realidade" 

As declarações de Emmanuel Macron nesta entrevista são "uma zombaria e desprezo pelos milhões de pessoas que estão se manifestando", reagiu o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal sindicato francês, Philippe Martinez.

"É fora da realidade esta entrevista. É tipo: está tudo bem, estou fazendo tudo certo, não tem nada acontecendo na rua. Não há questionamento", criticou Martinez a jornalistas.

O líder do partido de esquerda radical A França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, denunciou as "marcas tradicionais de desprezo" no discurso de Emmanuel Macron, afirmando que o chefe de Estado "vive fora da realidade".

O ex-candidato à presidência criticou a "arrogância" de Macron em relação aos trabalhadores em carreiras braçais. "A multidão é para o povo o que o grito é para a voz", acrescentou Jean-Luc Mélenchon em referência a uma declaração do presidente. 

Macron afirmou que a "multidão" não teria "nenhuma legitimidade perante o povo que se expressa através de seus representantes eleitos".

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