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A 500 dias dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, transporte e segurança ainda são problema

Faltam apenas 500 dias para a França acolher os Jogos Olímpicos de 2024 e vários pontos importantes para a realização do evento ainda sugerem muita preocupação como transportes, segurança e orçamento. 

A apenas 500 dias dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, os problemas de transporte e segurança ainda são muitos.
A apenas 500 dias dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, os problemas de transporte e segurança ainda são muitos. AFP/Archives
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No momento da atribuição das Olimpíadas a Paris em 2017, os planos apresentados eram perfeitos. A realidade é outra história. A 500 dias antes do início dos Jogos, os organizadores estão numa corrida contra o relógio e vários pontos levantam questões.

Transportes, um desafio imenso

Os transportes estão entre as maiores preocupações. “Nós vamos fazer tudo para estar prontos”, prometeu o ex-primeiro-ministro francês, Jean Castex, que atualmente é CEO exatamente da empresa de transportes parisienses, a RATP.

O operador de transportes públicos da capital francesa enfrenta há meses grandes dificuldades, como falta de profissionais e dificuldade de contratar novos trabalhadores.

O maior desafio atualmente é encontrar motoristas para aproximadamente mil ônibus que devem transportar os 250.000 atletas, organizadores, convidados especiais e jornalistas. O clima no país atualmente, com greves e mobilizações devido à reforma das aposentadorias, não ajuda. Para complicar ainda mais a situação, os Jogos são organizados seis meses antes da abertura da rede pública de ônibus à concorrência privada. Os sindicatos são hostis a esse projeto.

Até 2024, também será necessário encontrar soluções para o atraso no grande projeto de ampliação do metrô, chamado de Grand Paris. Na apresentação de candidatura da capital francesa para 2024 publicado há sete anos, a promessa era de um tempo de trajeto de apenas “22 minutos até a Vila da Imprensa e 30 minutos até a Vila Olímpica saindo do aeroporto de Roissy pela linha 17”, ainda inexistente, que faria parte do futuro projeto do metrô, que não estará pronta, na verdade, antes de 2030.

O CDG Express, um trem rápido que ligaria Roissy, onde fica o aeroporto, ao centro de Paris, e a linha 16 também não estarão prontos para as Olimpíadas de 2024.

O único metrô que será aberto a tempo é a linha 14, que deve ser prolongada ao norte, até as proximidades da Vila Olímpica e ao sul até o aeroporto de Orly, em junho de 2024.

As promessas em termos de transporte estão longe de serem cumpridas. “As soluções anunciadas não parecem suficientes, nem operacionalmente viáveis”, acredita Iona Lefebvre, do Instituto Montaigne, um think tank sobre políticas públicas na França. Para ela, substituir os metrôs inacabados por ônibus ou barcos no rio Sena “não responderá às necessidades de maneira consistente.”

Não errar na cerimônia de abertura

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma cerimônia de abertura será realizada fora de um estádio. Paris quer oferecer ao mundo um espetáculo grandioso e inédito, com um desfile no Sena. No dia 26 de julho de 2024, às 20h24 em ponto, mais de uma centena de barcos carregados com delegações de atletas descerão seis quilômetros do rio que atravessa a capital sob o olhar de cerca de 600.000 espectadores.

Mas a menos de um ano e meio do Dia D, o próprio formato do desfile náutico, imaginado pelo presidente Emmanuel Macron e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, ainda não está definitivamente decidido. A questão mais importante ainda não resolvida é quanto ao número de espectadores e sua segurança. Em novembro, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, havia mencionado 100.000 pessoas com ingresso no cais inferior e 500.000 gratuitos no cais superior do Sena.

Só para a cerimônia de abertura está prevista a mobilização de 35 mil policiais. O ministro do Interior conta com uma média de 30 mil membros das forças de segurança por dia durante a duração dos Jogos, de 26 de julho a 11 de agosto. O ministro também calculou em 25 mil o número de agentes de segurança privada necessários para proteger os locais de competição, responsabilidade do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos (Cojo).

No final de fevereiro, apenas 3.000 desses agentes haviam sido contratados e 1.800 estavam em treinamento, segundo a Secretaria de Segurança da região parisiense.

Desvios de orçamento

Quanto vão custar as Olimpíadas de Paris 2024? Quem vai pagar? Cada edição olímpica registra uma explosão de gastos, muitas vezes vários bilhões adicionais são necessários para fechar o orçamento.

Um exemplo são os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, que foram afetados pela crise da pandemia de Covid e pelo adiamento de um ano. As olimpíadas custaram 12 bilhões, segundo o Tribunal de Contas do Japão, ou seja, o dobro do que o previsto durante a candidatura.

Em Paris, o acréscimo estimado atualmente é de € 8,8 bilhões, enquanto em 2017 era de € 6,6 bilhões.

Por um lado, há o orçamento do comitê organizador baseado na receita da bilheteria, nos patrocinadores e em uma contribuição do Comitê Olímpico Internacional (COI). Este orçamento, maioritariamente de origem privada (96%), chegou a 4,4 bilhões de euros no final de 2022, um aumento de 10%, grande parte devido à inflação.

Por outro lado, a Solideo (empresa de obras olímpicas), que se encarrega principalmente da construção da Vila Olímpica, tem um orçamento de cerca de 4,4 bilhões, incluindo 1,71 bilhão de dinheiro público (Estado e municípios).

Mas o total de 8,8 bilhões não inclui toda uma série de custos. De acordo com um relatório do Tribunal de Contas publicado em janeiro, "esta apresentação, que mistura despesas públicas e despesas privadas de diversas áreas, se baseia em limites que evoluíram e não são representativos de todas as despesas efetivas”, afirmou.

O montante de 8,8 bilhões de euros não inclui os custos relacionados com a segurança ou gastos com transporte e saúde feitos pelo Estado francês, como já é o caso: recentemente o governo francês contribuiu com vários milhões de euros para a construção de um novo laboratório antidoping.

A fatura será conhecida somente após os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris.

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