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Pedido da Ucrânia de exclusão de atletas russos de Olimpíadas de Paris é inaceitável, diz Kremlin

A Rússia denunciou, neste sábado (11), os apelos de exclusão de atletas russos dos Jogos Olímpicos de 2024, um dia depois de uma reunião, durante a qual o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tentou convencer os ministros dos Esportes de vários países.

Os anéis olímpicos diante da Torre Eiffel, no Trocadero, em Paris, em 14 de setembro de 2017 após a escolha da capital francesa como sede dos Jogos Olímpicos de 2024. (imagem de ilustração)
Os anéis olímpicos diante da Torre Eiffel, no Trocadero, em Paris, em 14 de setembro de 2017 após a escolha da capital francesa como sede dos Jogos Olímpicos de 2024. (imagem de ilustração) AFP/Archives
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"A tentativa de ditar as condições para a participação de atletas em competições internacionais é absolutamente inaceitável (...) . Hoje, vemos uma vontade clara de destruir a unidade do esporte internacional", declarou o ministro russo dos Esportes, Oleg Matytsin, citado pelas agências russas de notícias.

Em uma reunião organizada pelo governo britânico, na sexta-feira (10), Zelensky afirmou que a presença de atletas russos nos Jogos de Paris-2024 seria "um sinal de violência e impunidade", na tentativa de convencer os ministros dos Esportes de vários países.

"Enquanto a Rússia matar e aterrorizar, os representantes deste estado terrorista não têm lugar nos esportes e nas competições olímpicas", disse Zelensky, por videoconferência.

Os que pedem a exclusão "fariam melhor em cuidar do esporte em seus próprios países e contribuir para que o esporte seja o embaixador da paz e permitir construir pontes entre os povos", comentou Matytsin neste sábado.

O ministro russo lembrou que "ninguém" pediu a exclusão dos atletas dos Estados Unidos dos Jogos de 2004 após a invasão do Iraque pelas tropas americanas.

Fundamentos do movimento olímpico

A Ucrânia se opõe à eventual presença de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, como cogita o Comitê Olímpico Internacional (COI), e ameaça boicotar a competição.

Em e-mail datado de 31 de janeiro e divulgado na quinta-feira (9), o presidente do COI, Thomas Bach, lamentou a posição ucraniana, que vai, segundo ele, "contra os fundamentos do movimento olímpico".

A hostilidade ucraniana à presença de atletas russos é apoiada pelos tradicionais aliados de Kiev, como Reino Unido. Já os Estados Unidos se pronunciam, até o momento, pelo compromisso da bandeira neutra.

"A situação na Ucrânia não mudou desde a decisão inicial do COI, em fevereiro passado (2022), de excluir atletas russos e bielorrussos das competições", afirmou a ministra da Cultura britânica, Lucy Frazer, nesta sexta-feira durante essa cúpula.

"Enquanto (o presidente russo, Vladimir) Putin continuar sua guerra, a Rússia e Belarus não devem ser autorizadas a participar no cenário mundial ou ser representadas nos Jogos Olímpicos", prosseguiu.

Mas até agora apenas um punhado de países considera um boicote, como a Polônia e a Estônia. A Letônia também alertou que "não participaria dos Jogos junto com o país agressor", decisão que seria inédita desde os boicotes cruzados aos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou e depois aos de 1984 em Los Angeles durante a Guerra Fria.

Macron não quer politizar esporte

Zelensky garantiu nesta sexta-feira que Moscou utilizaria a participação dos atletas para efeitos de "propaganda de guerra".

"Se os esportes olímpicos fossem matar e atingir com mísseis, então você sabe qual equipe ficaria em primeiro lugar", ironizou.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia há quase um ano, atletas russos e bielorrussos foram banidos da maioria dos eventos mundiais, embora alguns esportes, como tênis e ciclismo, permitam sua participação sob uma bandeira neutra.

O COI propôs no final de janeiro um roteiro para organizar o retorno desses atletas com bandeira neutra, desde que "não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia": a decisão de admiti-los, esporte por esporte, dependerá das federações internacionais, sem um calendário estabelecido até o momento.

O presidente francês Emmanuel Macron, cujo país sedia as Olimpíadas de 2024, disse que fará declarações "no verão". Por enquanto, muito prudente sobre o assunto, o chefe de Estado francês havia garantido há alguns meses, por ocasião da Copa do Mundo de 2022 no Catar, que "não se deve politizar" o esporte.

(Com informações da AFP)

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