Acessar o conteúdo principal

França: TotalEnergies tabela combustíveis a €1,99, consumidores criticam “esmola” das petrolíferas

"Obrigado pela esmola", “é indecente”, foram algumas das reações de representantes da esquerda francesa que criticaram, nesta quinta-feira (23), o anúncio da TotalEnergies, na véspera, de limitar os preços da gasolina e do óleo diesel a € 1,99 (R$ 10,80) por litro em seus postos.  

TotalEnergies vai limitar os preços da gasolina e do óleo diesel a € 1,99 por litro em seus postos. Medida é considerada insuficiente em contexto de inflação alta.
TotalEnergies vai limitar os preços da gasolina e do óleo diesel a € 1,99 por litro em seus postos. Medida é considerada insuficiente em contexto de inflação alta. REUTERS - PASCAL ROSSIGNOL
Publicidade

A medida valerá a partir de 1° de março e vai até o fim do ano, em todos os 3.400 postos do grupo. A nova determinação anunciada pelo CEO da companhia francesa, Patrick Pouyanné foi recebida com ceticismo por consumidores e políticos.

A eurodeputada do partido A França Insublissa (LFI), Manon Aubry, lembrou ao site franceinfo que em tempos de inflação alta “se aceita todos os gestos de caridade”. Mas ponderou: “quando o que se produz na França, portanto o que se chama de valor agregado, é distribuído mais aos acionistas do que aos trabalhadores, enfraquecemos o financiamento da proteção social”. Ela lembrou que "na década de 1980, um funcionário trabalhava em média uma semana para financiar os dividendos dos acionistas", e que hoje, segundo informou, "são 45 dias por ano."

"É indecente", disse à Sud Radio o deputado do LFI Thomas Portes, lembrando que "o preço na bomba ronda  €1,70 a 1,80 euros" (pouco menos de R$ 10) neste momento.

No Twitter, o coordenador do LFI, Manuel Bompard, denunciou “a desonestidade deste anúncio: ao longo dos últimos 13 meses, o preço do litro da gasolina foi quase sempre inferior a € 2”, destaca.

Em entrevista à rádio Europa 1, o número 2 do Partido Socialista francês, Nicolas Mayer-Rossignol, destacou que houve na TotalEnergies "uma ultra apropriação de superlucros por parte de alguns em detrimento de muitos outros".

"Não têm pão? Que comam brioche!", brincou o porta-voz do PS, Pierre Jouvet, retomando a resposta atribuída à rainha Maria Antonieta, em 1774, enquanto a população passava fome em Paris.

Lucros recordes

Esperava-se um gesto da TotalEnergies, sobretudo depois dos recentes lucros recordes da empresa. O aumento dos preços do petróleo devido à guerra na Ucrânia tem garantido vantagens às empresas petrolíferas em todo o mundo. Em 2022, o grupo francês registrou lucros de US$ 36,2 bilhões (R$ 185 bilhões). O lucro líquido, que foi o mais alto da história da empresa, atingiu US$ 20,5 bilhões (R$ 105 bilhões) (+28%). 

Na terça-feira (21), o presidente Emmanuel Macron apelou ao "espírito de responsabilidade" dos grandes produtores e distribuidores, e da TotalEnergies em particular, pedindo um novo "gesto" nos preços dos combustíveis.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do governo, Olivier Véran, considerou que "se olharmos para os preços alcançados nos meses anteriores", "o impacto do desconto é maior", "cerca de 40 centímetros". Ele defendeu o "gesto da Total" que "não existe nos países que nos rodeiam" e que oferece "previsibilidade" aos consumidores, já que vai durar por todo o ano de 2023.

(Com informações da RFI e AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.