"Inaceitável": governo critica a continuação da greve da TotalEnergies na França
O governo francês disse neste domingo (16) que o bloqueio contínuo das refinarias e depósitos da TotalEnergies era "inaceitável", apesar de um acordo majoritário sobre salários assinado pelo grupo, com conseqüências para muitos setores significativos da economia da França. Também neste domingo, organizações sindicais e da sociedade civil realizaram uma grande marcha em Paris em apoio aos operários grevistas.
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"Obviamente existe o direito à greve, mas em algum momento o país também deve ser capaz de funcionar. O que é certo é que você tem alguns sindicalistas que às vezes dão a impressão de tentarem bloquear os interesses de milhões de franceses", denunciou o ministro de Contas Públicas, Gabriel Attal, aos microfones dos canais de televisão Europa1 e o CNews.
Gabriel Attal considerou "inaceitável que haja a continuação de bloqueios, apesar de ter sido constatado que acordos majoritários aumentaram os salários nas empresas". "Acho isto incompreensível. Você às vezes tem bloqueios que são distúrbios à ordem pública", opinou.
Uma melhor distribuição dos lucros recorde da TotalEnergies
Um acordo sobre aumentos salariais foi alcançado na noite de quinta-feira com dois sindicatos majoritários, o CFDT e o CFE-CGC. O acordo prevê um "aumento" global de 7% nos salários, incluindo um aumento geral de 5%, mais uma parcela individual que pode diferir dependendo do cargo, e também prevê um bônus de um mês de salário, com um piso de € 3.000 euros e um teto de € 6.000.
A CGT continua a exigir 10% correspondente à "inflação mais participação" dos lucros realizados pela companhia petrolífera, ou seja, US$ 5,7 bilhões somente para o segundo trimestre. O sindicato pretende continuar o movimento até terça-feira, um dia de "mobilização e greve" interprofissional para o qual FO, Solidaires e FSU também convocaram ações.
Foram realizados votações para determinar a continuação do movimento em cada turno nos cinco locais da TotalEnergies na França: a refinaria Normandie perto de Le Havre, a maior da França, Donges na região leste, La Mède (uma bio-refinaria na região central), Feyzin (uma refinaria na região oeste) e Flandres (um depósito de combustível na região norte).
No entanto, entregas ocasionais de combustível poderiam ser feitas a partir de Donges no sábado (15). "Abrimos estas torneiras para aliviar a atmosfera. O objetivo não é dividir os franceses, criar tensões, o objetivo agora é reunir os franceses em torno da mesma reivindicação", havia indicado Fabien Privé Saint-Lanne, secretário da CGT na TotalEnergies.
Uma situação que está melhorando
No total, 27,3% dos postos de combustível do país foram consideradas "em dificuldade" no sábado, ou seja, afetados por uma escassez de pelo menos um de seus produtos, segundo a Ministra de Transição de Energia Agnès Pannier-Runacher, uma pequena melhoria em relação ao dia anterior (28,5%). Na região da Ilha de França, esta taxa foi muito mais alta: 39,9% e subiu quase três pontos percentuais.
Após a requisição de pessoal grevista decidida pelo governo há alguns dias, "levará vários dias até que a situação melhore o suficiente para que os franceses sintam isso em suas vidas diárias", disse Gabriel Attal no domingo.
Ao mesmo tempo, uma marcha contra "o alto custo de vida e a inação climática" deverá ocorrer no domingo, ao chamado dos Nupes. De acordo com a polícia, são esperados cerca de 30.000 manifestantes que temem que possa haver explosões ligadas à "chegada de pessoas violentas da ultra-esquerda, os coletes ultra-amarelos que gostariam de interromper a manifestação".
Apoio
Milhares de pessoas se reuniram em Paris para uma "marcha contra os altos custos de vida e a inação climática" organizada pela esquerda unida na coligação Nupes, que quer contribuir para o movimento grevista.
Uma centena de ônibus foram fretados de toda a França para esta marcha apoiados por associações, e alguns por federações sindicais. O Prêmio Nobel de Literatura, Annie Ernaux, foi anunciada como participação. O ministro de Contas Públicas, Gabriel Attal, condenou "uma marcha de partidários do bloqueio do país".
(Com AFP)
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