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Suicídio assistido de Godard coincide com abertura de debate sobre eutanásia na França

São os dois grandes destaques da imprensa francesa nesta quarta-feira (14): a morte do genial cineasta Jean-Luc Godard e o lançamento oficial do debate sobre uma possível mudança na legislação francesa, a fim de regularizar a eutanásia, por enquanto proibida no país.

O cineasta Jean-Luc Godard morreu na Suíça nesta terça-feira (13), de suicídio assistido.
O cineasta Jean-Luc Godard morreu na Suíça nesta terça-feira (13), de suicídio assistido. © Anne Wiazemsky
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O que liga as duas notícias? O franco-suíço Jean-Luc Godard morreu nesta terça-feira (13), aos 91 anos, de suicídio assistido, na Suíça. Ele foi o diretor da própria vida, quebrando paradigmas do cinema e dirigindo seu filme pessoal até o final. Um assessor da família do cineasta explicou que Godard recorreu à assistência jurídica na Suíça por morte voluntária, em consequência de "múltiplas patologias incapacitantes".

Em seu editorial, o jornal progressista Libération informa que, num ato derradeiro de militantismo, Godard queria que sua escolha pelo suicídio assistido, prática autorizada na Suíça, se tornasse pública. “Para ele, era algo indiscutível, uma questão de dignidade.”

O Libération dedica um suplemento especial de 28 páginas ao cineasta, celebrando esse que foi um dos pilares da deliciosa Nouvelle Vague, movimento francês que desconstruiu os códigos do cinema, desconcertando e inspirando outras gerações, de Martin Scorsese a Quentin Tarantino.

Eterno Godard

“Godard Forever” [Godard para sempre] é a manchete de capa do Libé. “Cineasta total de mil vidas e com uma obra tão prolífera quanto multiforme, encarnação de contradições de uma arte em exame permanente, Jean-Luc Godard deixa uma carreira salpicada de obras-primas e de incompreensões que ele construiu, durante a vida, em lenda”, diz o jornal.

Além do suplemento especial, o jornal traz em sua capa convencional uma pergunta: “Fim de vida, um começo?”. A questão faz alusão ao debate que se abre na França sobre o suicídio assistido.

Por casualidade do destino, no mesmo dia da morte de Godard,”o Comitê de Consulta Nacional de Ética (CCNE), após um ano e meio de reflexão, declarou que não se oporia mais à ajuda médica na morte de pessoas com doenças irreversíveis em situação de grande sofrimento. Na sequência, o presidente Emmanuel Macron anunciou o início de um debate público a respeito do assunto.

Direito à morte

O diário Le Figaro também traz as duas notícias na primeira página, lado a lado: a morte do último representante da Nouvelle Vague e o anúncio da abertura do caminho para uma lei sobre a eutanásia.

Jornal de linha editorial conservadora, Le Figaro recorda que o comitê de ética francês diz “que uma ajuda ativa para morrer” pode ser aplicada, mas sob “condições rígidas”.

O debate promovido por Macron deve implicar todos os segmentos da sociedade. As conclusões estão previstas para o primeiro semestre de 2023, quando também poderá ocorrer a mudança na legislação.

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