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Covid-19: especialistas alertam para retomada epidêmica na França

A poucos dias da chegada do verão no hemisfério norte, as contaminações dobraram nos últimos 15 dias na França, de acordo com dados publicados pelo Ministério da Saúde. O número de casos passou de cerca de 18 mil infecções diárias no final de maio para mais de 50 mil testes positivos declarados nas últimas 24 horas, segundo a Santé Publique France, a agência de vigilância sanitária francesa. 

O presidente da França, Emmanuel Macron retira sua máscara ao participar de uma reunião de coordenação da UE na cúpula do G7 em Carbis Bay, Cornwall, Grã-Bretanha, 11 de junho de 2021.
O presidente da França, Emmanuel Macron retira sua máscara ao participar de uma reunião de coordenação da UE na cúpula do G7 em Carbis Bay, Cornwall, Grã-Bretanha, 11 de junho de 2021. REUTERS - PHIL NOBLE
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Em nível nacional, a taxa de incidência é de cerca de 400 casos por 100 mil habitantes — o dobro da semana anterior, de acordo com a agência francesa. Os dados mostram que uma nova onda da Covid-19 está começando no país, provocada principalmente pelas novas subvariantes da ômicron, a BA.4 e a BA.5, responsáveis pela recente alta de infecções em Portugal.

A tendência é similar em outros países do continente, observa o epidemiologista Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra.

O impacto nos hospitais ainda é incerto e atualmente o número de pacientes hospitalizados e nas UTIs continua diminuindo na França. A porta-voz do governo francês, Olivia Grégoire, disse na semana passada que o Executivo continua "vigilante". As duas subvariantes da ômicron são entre 10 e 15% mais contagiosas, mas aparentemente não provocam uma doença mais grave do que as anteriores.

Na próxima quarta-feira (22), durante o Conselho de Ministros, serão anunciadas as medidas que serão mantidas após o fim do estado de emergência sanitária, prevista para o dia 31 de julho.

Atualmente, na França, não há restrições para conter a circulação do vírus. A máscara é obrigatória apenas em estabelecimentos de saúde, incluindo clínicas, hospitais, farmácias e casas de repouso para idosos. Nas empresas e transportes públicos, o uso do acessório não é mais exigido.

A volta à "vida normal", sem medidas mínimas de proteção, é um dos fatores que contribui para a onda de contaminações, explica o infectologista Benjamin Davido, do hospital de Garches, na região parisiense. "Essa retomada epidêmica é totalmente inesperada nesta estação", disse à rádio francesa France Info.

Calor não impede propagação do SARS-CoV-2, que, após dois anos de epidemia, aparenta ser um vírus que circula o ano todo
Calor não impede propagação do SARS-CoV-2, que, após dois anos de epidemia, aparenta ser um vírus que circula o ano todo © Reuters/Sarah Meyssonnier

Segundo ele, o fato de o vírus ser capaz de se propagar no verão mostra que ele é  "endêmico", ou seja, circula durante todo o ano. Isso significa que é preciso "agir e antecipar as próximas ondas" e que a população deverá se vacinar novamente.

"Temos que explicar aos franceses por que novos reforços são necessários", alerta. "Não há imunidade duradoura contra esse vírus, como é o caso da gripe, e por isso vacinamos todos os anos", reitera.

Atualmente, a população francesa está parcialmente protegida contra as subvariantes da ômicron por conta da alta taxa de vacinação (cerca de 79% das pessoas têm as três doses) e das infecções recentes. Estudos mostram que uma contaminação pela variante BA.2, por exemplo, combinada à imunização, confere uma proteção elevada contra as formas graves e parcial contra as infecções.

No outono, entretanto, um novo reforço deve ser indispensável. O problema é que as vacinas disponíveis ainda não foram atualizadas para combater a ômicron e suas subvariantes. Um novo imunizante está sendo testado pela Pfizer e a Moderna, mas a data exata de sua chegada ao mercado é incerta.

Nesse contexto, o infectologista francês critica a falta de medidas de contenção. "Ninguém se protege mais. Pelo contrário, há um excesso de desrespeito aos cuidados. A situação atual é grotesca", critica Benjamin Davido, citando, por exemplo, o fim da obrigatoriedade da máscara nos aviões e aeroportos.

As autoridades sanitárias dos EUA autorizaram as vacinas contra a Covid-19 para os menores de 5 anos.
As autoridades sanitárias dos EUA autorizaram as vacinas contra a Covid-19 para os menores de 5 anos. © DS

Vacina para bebês

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos autorizaram neste sábado (18) as vacinas anticovid Pfizer e Moderna para crianças entre seis meses e cinco anos — "passo imenso" na luta contra o vírus, segundo o presidente americano, Joe Biden. 

Os Estados Unidos tornam-se assim o primeiro país a aprovar o uso de vacinas de RNA mensageiro para crianças a partir dos seis meses de idade. A agência americana de medicamentos (FDA) já havia autorizado seu uso emergencial para essa faixa etária na sexta-feira.

No entanto, também era necessária a autorização do CDC, principal órgão de saúde do país. Antes, apenas os maiores de cinco anos podiam ser vacinados. "Sabemos que milhões de pais estão ansiosos para vacinar seus filhos pequenos e, com a decisão de hoje, agora é possível", disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky, em um comunicado.

Após a autorização da FDA, o governo dos EUA começou a distribuir milhões de doses da vacina em todo o país. Biden prometeu aos pais que as consultas de vacinação poderiam ser agendadas já na próxima semana em hospitais, clínicas, farmácias e consultórios médicos.

(RFI e AFP)

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