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Covid-19: casos aumentam, mas França pode ser poupada de nova onda

O SARS-CoV-2 pode se tornar un vírus sazonal na França. Esta é a aposta de muitos infectologistas ouvidos pelo jornal francês Le Figaro: apesar do aumento das contaminações na última semana, atribuído à chegada das  variantes BA.4 e BA.5, o risco da emergência de uma nova onda epidêmica é baixo. 

Vida voltou ao normal na França e Covid-19 por enquanto está sob controle
Vida voltou ao normal na França e Covid-19 por enquanto está sob controle AP - Francois Mori
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 A alta registrada atualmente é pouco significativa: há cerca de uma semana, são detectados cerca de 20 mil casos cotidianos em vez de 18 mil, de acordo com a Santé Publique France - a agência de vigilância sanitária francesa. Esse número está muito aquém das cerca de 300 mil infecções contabilizadas diariamente em janeiro, no auge da propagação da ômicron.

O epidemiologista francês Arnaud Fontanet, do Instituto Pasteur, define a situação atual como "uma fase de transição." De acordo com ele, ainda é cedo para dizer que a epidemia ficou para trás e o aparecimento de uma nova variante no verão ou no outono europeu, a partir de setembro, não pode ser descartado.

O contexto atual, entretanto, é bem diferente se comparado ao início da epidemia: a maioria da população francesa adulta tem o esquema vacinal completo, com três doses, e muitas pessoas pegaram a doença. Essa imunidade híbrida garantiria, em princípio, uma proteção eficaz contra formas graves.

A epidemiologista Vittoria Colizza, do Inserm, o Instituto Francês de Pesquisas Médicas, chama a atenção para um outro aspecto: na França, muitas pessoas foram contaminadas pela subvariante da ômicron, BA.2, responsável por uma onda de contaminações no pais.

Isso faz com que a população esteja parcialmente protegida contra a BA.4 e BA.5, que geraram uma recente onda de infecções em Portugal e na África do Sul. Os dois países foram atingidos por um surto de contaminações da BA.1, a cepa inicial da ômicron, que seria menos protetora.

Doses da vacina Pfizer, uma das mais utilizadas no mundo.
Doses da vacina Pfizer, uma das mais utilizadas no mundo. © Brendan Smialowski / AFP

Nova campanha

Os especialistas franceses agora tentam identificar qual será o melhor momento para lançar uma nova campanha geral de vacinação - a quarta dose já foi autorizada para os maiores de 65 anos e imunossuprimidos. A expectativa é que as injeções sejam disponibilizadas para outras faixas etárias antes do inicio do outono, em setembro.

Os estudos mais recentes mostram que a imunidade adquirida pela infecção sintomática e as três doses de vacina é a mais potente e pode durar entre 9 e 12 meses. Só a vacina ou só a infecção, entretanto, geram proteção por tempo limitado. Há também as diferenças imunitárias específicas a cada indivíduo, que não podem ser descartadas.

Vacinação das crianças

Outro problema é a taxa de vacinação insuficiente na faixa entre 5 e 11 anos: apenas cerca de 3% dos menores franceses nessa idade receberam uma injeção, apesar de muitos terem sido contaminados em dois anos.

Isso gera um terreno propício para que o vírus se propague nas escolas no retorno do recesso escolar de verão, em setembro, na Europa. A Sociedade Francesa de Pediatria lembra que a vacina contra a Covid-19 protege contra uma complicação rara, mas grave: a síndrome inflamatória multissistêmica, que atinge principalmente crianças saudáveis, sem outras patologias.

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