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Macron tem a responsabilidade de reconciliar uma França fraturada, analisam jornais

A imprensa francesa destaca nesta terça-feira (26) que o presidente Emmanuel Macron precisa reconciliar um país fraturado, após sua reeleição. Enquanto a candidata do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, saiu vitoriosa em 18.156 municípios, Macron chegou na frente em 16.922 cidades francesas. O avanço de Le Pen é registrado em localidades pequenas, principalmente periféricas e na área rural, enquanto Macron venceu nos centros urbanos, explica o jornal Le Parisien.

Macron, ainda em campanha, cercado por jovens, cantando a Marselhesa. Foto de 02/04/2022.
Macron, ainda em campanha, cercado por jovens, cantando a Marselhesa. Foto de 02/04/2022. © RFI/Pierre René-Worms
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Em Paris, por exemplo, Macron obteve 85,1% dos votos, em Rennes (noroeste), 84%, e em Bordeaux (sudoeste), 80% dos sufrágios no segundo turno, de acordo com os mapas eleitorais publicados pelo Le Parisien.

O diário conservador Le Figaro faz uma análise detalhada de quem são os eleitores de cada candidato. Enquanto Macron reina nas grandes cidades, Marine Le Pen é a preferida dos habitantes do campo.

Os modos de vida também influem. Nas cidades grandes, há mais pessoas com estudo superior e que votam em Macron. No campo, há menos diplomados e há também a questão de que eles moram em locais mais afastados dos grandes centros urbanos, têm menos acesso a serviços públicos e gastam mais dinheiro com gasolina. Esses dados ajudam a entender o movimento dos "coletes amarelos", por exemplo, que faz forte oposição a Macron.

O jornal mostra também que os desempregados estão entre os maiores abstencionistas (esta eleição teve uma abstenção de 28%), o que pode ter favorecido Macron.

A divisão geracional também é grande. Os jovens votaram mais em Macron. Le Pen teve mais votos no segmento do eleitorado com mais de 50 anos de idade.

Os jovens, seduzidos pelo candidato Jean-Luc Mélenchon (esquerda radical) no primeiro turno, parecem ter se aproximado do presidente no segundo turno, mas sem entusiasmo excessivo. Foi para esta parcela do eleitorado que Macron se dirigiu na noite da celebração de sua vitória, no domingo (24): “Sei que muitos votaram em mim não por apoiar minhas ideias e sim para barrar a extrema direita", disse Macron. "Quero agradecê-los e dizer que tenho consciência do que esse voto representa para os próximos anos”, acrescentou.

Não apenas a França votou majoritariamente em três correntes políticas bastante diferentes nesta eleição, como o país apresenta uma divisão muito grande entre seus habitantes.

A França que vai mal votou em Marine Le Pen

Alguns analistas, como o cientista político Jérôme Fourquet, diretor do departamento de opinião e estratégia do instituto de pesquisas Ifop, autor do célebre ensaio 'L'Archipel Français" ("O arquipélago francês", em tradução livre), afirma sem receio de generalizar: "A França que votou em Macron ganha mais de € 3 mil por mês e é a França que vai bem; quem ganha menos do que isso vive mal e votou em Le Pen", disse Fourquet, em sua análise para o canal de TV France 5.   

Libération diz que, mesmo reeleito, Macron continua sob pressão. "Após uma vitória conquistada graças à frente republicana, diante de uma extrema direita mais forte do que nunca, o presidente prometeu um novo método de gestão que, por enquanto, ainda permanece nebuloso, mesmo para os seus mais próximos colaboradores".

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