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Pesquisa aponta que 85% dos eleitores muçulmanos votaram em Macron no 2° turno

Uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) divulgada nesta segunda-feira (25) aponta que boa parte do eleitorado muçulmano votou em Emmanuel Macron no segundo turno da eleição presidencial francesa. Frequentemente estigmatizados pela extrema direita, 85% dos muçulmanos optaram pela reeleição do chefe de Estado centrista. 

Mulheres muçulmanas aguardam na fila para votar em Marselha, sul da França, no primeiro turno da eleição presidencial, em 10 de abril de 2022.
Mulheres muçulmanas aguardam na fila para votar em Marselha, sul da França, no primeiro turno da eleição presidencial, em 10 de abril de 2022. AP - Daniel Cole
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No primeiro turno da eleição presidencial, os eleitores muçulmanos votaram majoritariamente em Jean-Luc Mélenchon (69%), do partido da esquerda radical França Insubmissa. Mas diante da candidata Marine Le Pen, parte da preferência migrou para Macron.

"O voto católico é marcado por uma larga diversidade, já o voto muçulmano é homogêneo", analisa o diretor do escritório de opinião do Ifop, Jérôme Fourquet, em entrevista ao jornal francês La Croix.

No entanto, entre essa população, o voto em Macron sofreu um claro recuo em relação à última eleição, quando o centrista conquistou 92% da preferência do eleitorado muçulmano. Paralelamente, o voto em Marine Le Pen cresceu, passando de 8% no segundo turno em 2017 para 15% neste ano. 

Para Fourquet, esse fenômeno nada tem a ver com uma suposta convicção dos muçulmanos na extrema direita, mas contra Macron, visto por esta população como "o candidato dos ricos". 

Proibição do véu islâmico 

Os muçulmanos se tornaram o centro desta campanha eleitoral quando Marine Le Pen iniciou uma forte polêmica na França, ao anunciar sua intenção de proibir o véu islâmico no espaço público. No debate que os dois candidatos realizaram na semana passada, Macron acusou a líder da extrema direita de querer "criar uma guerra civil". 

"A França, o país dos Iluministas, seria o primeiro país no mundo a proibir símbolos religiosos no espaço público. Isso não faz nenhum sentido, não respeita nossos valores", afirmou Macron na ocasião, lembrando a rival do princípio da laicidade na França. 

Durante o debate, o presidente também ganhou pontos ao ressaltar que não pretende "proibir o véu islâmico, a kippa ou qualquer outro símbolo religioso no espaço público". "O que você propõe é uma traição do espírito francês e da República. Você quer empurrar milhões de nossos compatriotas, devido à religião deles, para fora do espaço público", reiterou Macron. 

Por outro lado, a política do líder centrista registrou uma curva à direita no ano passado com a adoção da lei contra o separatismo islâmico, depois do assassinato do professor Samuel Paty por um extremista, em 2020. Desde então, seu governo também fechou dezenas de mesquitas e passou a controlar a formação de imãs. No início deste ano, sob pressão do Executivo, o Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM) adotou um documento sem precedentes rejeitando o "Islã político" e a "interferência" estrangeira, mas cuja aplicação na França levanta muitas questões. 

Essa atitude do governo Macron parece ter irritado o eleitorado muçulmano. Não é à toa que neste ano foi registrada uma queda importante na participação desta população na eleição presidencial, de 70% em 2017 e passou para 58% em 2022.

Participação de eleitorado católico cresce

Já a participação dos católicos deu um salto de mais de sete pontos, passando de 71,8% há cinco anos para 79% em 2022, segundo o estudo do Ifop. No total, 55% dos católicos votaram em Macron. Uma leve diferença separa os praticantes (42%) que votaram em Le Pen dos não praticantes (45%).

O levantamento confirma a progressão da extrema direita entre a população conservadora mais rica da França, afirma o diretor do escritório de opinião do Ifop. "Outros estudos mostram resultados inéditos da candidata do Reunião Nacional nos bairros chiques de Paris ou nas cidades do litoral Atlântico, onde vivem muitos aposentados", indica Fourquet.

Quanto aos protestantes, 65% deles apostaram em Macron no segundo turno. No entanto, dentro desta população, o voto em Le Pen registrou um aumento de 11 pontos em cinco anos, passando de 24% para 35%. 

A pesquisa foi realizada com uma amostra de 4.827 pessoas representativas da população francesa a partir de 18 anos, por meio de um questionário online no último domingo (24). 

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