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Covid-19: Polícia francesa proíbe entrada de “comboio da liberdade” contra medidas sanitárias em Paris

A polícia de Paris anunciou nesta quinta-feira (10) que o chamado "comboio da liberdade" será proibido de entrar na capital francesa. O movimento, inspirado nos protestos lançados no Canadá contra as restrições sanitárias, planeja "bloquear a capital", a partir da sexta-feira (11).

Destaque na imprensa francesa que analisa o movimento chamado "Comboio da liberdade". Inspirado no protesto de caminhoneiros no Canadá, ele ganha força na França.
Destaque na imprensa francesa que analisa o movimento chamado "Comboio da liberdade". Inspirado no protesto de caminhoneiros no Canadá, ele ganha força na França. REUTERS - ERIC GAILLARD
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Os grupos de manifestantes saíram de várias cidades francesas e planejam bloquear Paris, no sábado, como parte dos “comboios da liberdade”, inspirados nas ações dos caminhoneiros canadenses que bloqueiam o centro da capital do país, Ottawa.

Uma mobilização policial deve impedir os bloqueios nas estradas que dão acesso a cidade, com multas e detenções para os que não respeitarem a proibição, disse a superintendência da Polícia, em comunicado.  “Um dispositivo específico foi organizado para impedir o bloqueio de estradas, multar motoristas e interrogar os infratores desta proibição”, acrescentou o comunicado de imprensa da chefia de polícia.

No sudeste da França, o cortejo saiu de Nice na quarta-feira (9) e deve chegar em Paris na noite de sexta. Nenhum caminhoneiro faz parte do grupo. "Nós não somos vacinados e hoje em dia não podemos fazer nada e agora queremos que acabem com esse passe", disse uma motorista à reportagem da RFI.  

"Não nos sentimos sós. E isso é genial. É um grande movimento para que o nosso país continue livre. A França sempre foi livre e tem que continuar assim", disse outra manifestante.

Vários cortejos partiram das cidades de Nice, Bayonne e Perpignan na quarta-feira. Eles planejam chegar a Paris na noite de sexta-feira e alguns pretendem seguir até Bruxelas para se juntar a um grande "comboio europeu", marcado para segunda-feira (14).

Proximidade com movimentos complotistas

O assunto é debatido na imprensa francesa desta quinta-feira. De acordo com o jornal Libération, os participantes, que protestam contra as medidas sanitárias, "mostram sua determinação e proximidade com movimentos complotistas". O jornal acompanhou a largada de um grupo da cidade de Perpignan, no sul da França. De acordo com o líder dos manifestantes, Theud Ric, o movimento é pacífico e não tem o objetivo de "bloquear tudo", como no Canadá. 

De acordo com Libé, o grupo é heterogêneo. Alguns participantes são simpatizantes do movimento de contestação dos “Coletes amarelos” ou da extrema-direita e todos lutam contra a vacina antiCovid. Um entrevistado chega a afirmar que a doença é "uma grande farsa".

O jornal explica que a ideia de importar o movimento canadense para a França nasceu nas redes sociais, em grupos no Facebook e no Telegram. O maior deles já conta com mais de 300 mil inscritos, onde é possível encontrar de mapas dos trajetos a serem seguidos até ofertas de carona e de hospedagem.

Na estrada, os participantes usam walkie talkies para se comunicar e avisar sobre a temida presença da polícia. Diferente do Canadá, na França, o movimento não é composto por caminhoneiros, mas sim motoristas particulares. Além do fim das medidas de restrição sanitária, os representantes do movimento protestam contra o aumento do preço dos combustíveis e da eletricidade.

"Eu penso nos seis aumentos exorbitantes da eletricidade, dos combustíveis, pedágio e todo o resto, é um descontentamento geral”, resumiu um motociclista em entrevista à RFI.

De acordo com o jornal Le Parisien, o cortejo será seguido de perto pela polícia. Segundo uma nota do Serviço de informação territorial da França reproduzida pela publicação, "o movimento está longe de ser estruturado", mas será "observado com atenção".

Ainda de acordo com o documento do serviço de informação, movimentos de ultradireita e de extrema-esquerda aparentemente não apoiam o protesto, com exceção do grupo católico integrista Civitas. O objetivo dos manifestantes não é claro. "Alguns propõem um bloqueio total", que provocaria "ruptura no abastecimento de combustíveis e alimentos", outros defendem "confrontos com a polícia", enquanto há quem defenda um "movimento pacífico para não serem deslegitimados".

Os temores da polícia é que o sucesso das ações em Ottawa e em Toronto fortaleça o movimento na Europa.

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