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"Sofagate": convocadas por brasileira, manifestantes levam cadeiras diante de embaixada turca em Paris

Um grupo de manifestantes, convocado pela colecionadora de arte brasileira Sandra Mulliez Hegedus, levou cadeiras e se sentou em frente à embaixada da Turquia em Paris, nesta segunda-feira (12), para denunciar o machismo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante visita de líderes da União Europeia a Ancara.

Manifestantes levam cadeiras e sentam na frente da embaixada da Turquia em Paris para manifestar contra "Sofagate" em apoio a Úrsula von der Leyen, em 12 de abril de 2021.
Manifestantes levam cadeiras e sentam na frente da embaixada da Turquia em Paris para manifestar contra "Sofagate" em apoio a Úrsula von der Leyen, em 12 de abril de 2021. © Arquivo pessoal
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A polêmica surgiu na terça feira (6), durante um encontro da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, com o presidente turco, em Ancara, no qual só havia cadeiras para os dois homens. Von der Leyen se viu obrigada a se sentar em um sofá em frente ao ministro turco de Assuntos Exteriores, que ocupa uma função inferior na hierarquia protocolar. A visita, que tinha o objetivo de apaziguar as relações tensas entre Europa e Turquia, acabou virando uma tempestade política.

O incidente também gerou indignação de mulheres do mundo inteiro, como foi o caso de Sandra que, junto com uma amiga, convocou o ato de protesto “Uma cadeira para Ursula” na embaixada em Paris, pelo Whatsapp. “Como faltava cadeira, levamos nós mesmas nossas cadeiras e sentamos na frente da embaixada da Turquia”, explica. Segundo a organizadora, aproximadamente 40 pessoas participaram da manifestação.

Sandra Mulliez Hegedus (esquerda) com manifestantes diante da embaixada da Turquia em Paris, nesta segunda-feira, 12 de abril de 2021.
Sandra Mulliez Hegedus (esquerda) com manifestantes diante da embaixada da Turquia em Paris, nesta segunda-feira, 12 de abril de 2021. © Arquivo pessoal

Estratégia

Para Sandra o incidente é uma clara manifestação de machismo e uma afronta diplomática. “A gente acha que é um problema grande que o presidente Erdogan possa humilhar a presidente da Comissão Europeia, não dando pra ela uma cadeira”, afirma. “Não podemos aceitar este tipo de coisa, porque é uma falta de respeito e um machismo muito grande, vindos da parte do Erdogan. Então eu acho que, pacificamente, temos que dizer o que a gente pensa, com este tipo de manifestação”, afirma.

A organizadora do ato não acredita em erro do cerimonial turco, como argumentou o país em sua defesa. Para ela, o incidente é intencional, político e faz parte de uma estratégia para desestabilizar os inimigos usada desde o século 15, pelo imperador otomano Suleiman.

“Isso não existe: quando tem três pessoas, tem que ter três cadeiras”, diz. “Inclusive, tem várias fotos de encontros do mesmo tipo onde tem três cadeiras, então é uma vontade política de desestabilização e humilhação. E é uma mulher também, ainda por cima.”

Ainda que não seja uma encenação organizada pela Turquia para humilhar a União Europeia, a imagem de Ancara fica ainda mais manchada diante da Europa. Antes da viagem, a própria Von der Leyen denunciou a recente saída da Turquia da convenção global de prevenção da violência contra mulheres e crianças.

“A gente agora vai inundar as redes sociais com as imagens para as pessoas saberem e para ficar claro que não se pode descreditar uma mulher que está numa posição importante só porque ela é uma mulher. Não é possível este tipo de comportamento. Não passará!”, diz.

A embaixada da Turquia não se manifestou sobre o protesto.

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