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Médicas denunciam ataques sexistas e ausência de cientistas mulheres na mídia

As médicas Alexandra Calmy, Karine Lacombe e Caroline Samer testemunham no jornal Libération sobre o assédio na Internet sofrido por mulheres cientistas durante a crise da Covid-19. Elas publicaram um artigo de opinião na revista acadêmica The Lancet sobre os ataques que pesquisadoras sofrem e a falta de representatividade feminina na mídia.

A capa do Libération traz uma entrevista com três médicas que denunciam o ciberassédio que sofrem desde o começo da pandemia. Em 25 de dezembro de 2020.
A capa do Libération traz uma entrevista com três médicas que denunciam o ciberassédio que sofrem desde o começo da pandemia. Em 25 de dezembro de 2020. © reprodução Libération
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"O ciberassédio de pesquisadoras não será a nova norma" é o título do texto assinado pelas três professoras de medicina, publicado esta semana na renomada revista científica britânica. Apesar de serem especialistas reconhecidas e legitimadas em cargos de responsabilidade, elas denunciam as calúnias e ameaças de que são vítimas na Internet desde o começo da pandemia.

Os homens também sofrem ataques violentos, "principalmente quanto explicam racionalmente o estado atual de conhecimento sobre a eficácia da hidroxicloroquina", escrevem as especialistas. Mas, as mulheres "estão mais sujeitas à ciberintimidação, que tem o objetivo de denegrir sua autoridade e suas competências científicas", afirmam, denunciando o caráter "misógino e sexista das agressões".

O objetivo do texto escrito por elas é expor as violências sexistas, além de condenar a falta de representatividade de mulheres pesquisadoras nos meios de comunicação e em artigos acadêmicos.

Enxurrada de comentários sexistas

A chefe do serviço de doenças infeciosas e tropicais do Hospital Saint-Antoine de Paris e coordenadora do grupo de trabalho REACTing, sobre estratégias de tratamento da Covid-19, Karine Lacombe, explica que não quer que o reconhecimento e legitimidade das pesquisadoras sejam injustamente espezinhados, o que está acontecendo, segundo ela, durante a crise sanitária.

A médica vem recebendo uma enxurrada de comentários sexistas, humilhantes e caluniosos, desde o começo da pandemia, por estar muito presente na mídia. Em sua opinião, os conhecimentos científicos que ela expõe não são diretamente questionados, “os ataques são contra o meu físico, a maneira como me visto e o que eu represento como mulher”.

Alexandra Calmy, chefe da unidade HIV Aids no serviço de doenças contagiosas dos hospitais Universitários de Genebra, e Caroline Samer, responsável da Unidade de farmacologia e de terapias personalizadas dos Hospitais de Genebra e presidente da seção internacional de farmacologia clínica, denunciam o mesmo tipo de assédio.

Calmy observa que esta situação se agrava quando as pesquisadoras avançam na carreira. Para ela, tem alguma coisa que incomoda quando uma mulher ocupa um posto de chefia e a competição acadêmica fica mais forte com a idade. "Progredir com convicção é visto e traduzido como uma agressão", diz a médica suíça.

O Libération lembra que as mulheres pesquisadoras são vítimas de preconceito e sobem menos na hierarquia acadêmica que os homens, além de sofrerem mais com a precarização.

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