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Contágio de Macron mostra que qualquer um pode pegar Covid-19, diz imprensa

Os jornais da França desta sexta-feira (18) repercutem a contaminação do presidente francês, Emmanuel Macron, testado positivo para a Covid 19. Se o estado de saúde dele não é motivo de preocupação, o caso deixa muitas lições sem escapar de polêmicas, dizem os jornais. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira (14) em Paris
O presidente francês, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira (14) em Paris Martin Bureau Pool/AFP/Archivos
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Segundo o jornal Le Parisien, presidente francês tem sintomas como tosse e febre e se isolou em uma residência oficial na cidade de Versalhes, a poucos quilômetros de Paris enquanto sua esposa, Brigitte ficará em isolamento no Palácio do Eliseu. 

Segundo o diário, o chefe de Estado francês é seguido de perto por um médico das Forças Armadas do país. Em editorial, Le Parisien informa que Macron mudou vários hábitos para tentar evitar o contágio: as reuniões do Conselho da Defesa acontecem em um local mais espaçoso e não na sala apertada do subsolo do Eliseu. 

Nos bufês, os convidados evitam tocar em talheres usados por várias pessoas em volta da mesa para se servirem durante as refeições. Nada disso adiantou e está provado que o risco zero não existe, conclui o jornal.

O Parisien recapitula a agenda dos últimos dias de Macron e cita todas as pessoas com quem ele se encontrou, incluindo a participação no sorteio da Copa do Mundo de Rúgbi, o jantar para comemorar os 60 anos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e até o almoço com o primeiro-ministro português António Costa, que testou negativo mas decidiu ficar em observação.

Libération diz que a contaminação de Macron é um fator positivo. Não no sentido de que ele esteja doente, afirma o jornal, que deseja uma rápida recuperação do presidente. Mas caso de Macron lembra que a França, país que cultiva mais do que qualquer outro a verticalidade do poder,  tem um "presidente normal."  Libé lembra que não há motivos para temer pela saúde de Macron pelo fato dele ser jovem e, salvo segredo de estado, não ter outras doenças.

A Covid de Macron deixa muitas questões em aberto, como a eficiência das medidas sanitárias e a quantidade de encontros e reuniões neste período de pandemia. Libération termina seu editorial questionando se haverá mesmo uma transparência na informação sobre a evolução da doença, como prometido pelo governo. Essa preocupação é legítima e vai confirmar se há mesmo o respeito de uma "normalidade" do exercício do cargo, do qual Macron não escapa. 

Líderes com Covid, como Bolsonaro, lembrados

Le Figaro ironiza: "Breaking News", o presidente francês é uma pessoa como outra qualquer. Sua função não é um "totem de imunidade", diz o editorial do jornal.  O caso já provoca muita polêmica e questões sobre os gestos de proteção e a exemplaridade requerida de um líder. Essa contaminação mostra que essa” política sanitária sufocante não consegue dominar o vírus”.  No final das contas, Emmanuel Macron já tinha advertido: vamos ter que conviver com o vírus. 

O diário conservador lembra que, na França, o estado de saúde do presidente sempre foi um assunto sensível, para não dizer tabu. A Constituição não prevê a obrigação de transparência sobre a saúde do chefe de Estado, lembra o jornal. A reportagem lembra que Macron teve uma fadiga em 2018 e teve que cancelar vários compromissos, mas nada de particular foi assinalado por sua equipe de comunicação. 

Le Figaro, assim como outros meios de comunicação franceses, explicam como outros líderes gerenciaram sua comunicação e seus casos de Covid, citando o presidente Donald Trump, o primeiro-ministro Boris Johnson e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Le Figaro lembra que o “Capitão” foi internado com sintomas como febre, tosse e cansaço e chegou a dizer que não seria uma gripezinha que iria derrubá-lo.  Bolsonaro, diz o jornal, disse que um dia todos vão morrer e não adianta fugir da realidade. O artigo conclui com a pesquisa Datafolha na qual a maioria dos brasileiros não responsabilizam Bolsonaro pela propagação da epidemia. 

 

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