Natal sem Amazon: franceses fazem campanha por boicote à gigante digital

Com a maior parte das lojas da França fechadas em um lockdown para controlar a segunda onda de casos de Covid-19, políticos e associações pelo meio ambiente deram início a uma campanha pelo boicote à gigante americana Amazon neste final de ano. 

Franceses lançam uma campanha contra a Amazon para o Natal AFP/File

O objetivo é convencer os consumidores a comprarem seus presentes de Natal nos comércios locais, estimulando assim a economia e reduzindo o impacto da pandemia. “No período de crise socioeconômica em que vivemos, nós precisamos de atos concretos para apoiar o emprego local, os comércios próximos e os atores de um comércio razoável”, justifica o grupo. 

A petição foi lançada nessa terça-feira (17) com a assinatura de políticos de partido ecologista e de esquerda, como a prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, e o prefeito verde de Grenoble, Éric Piolle (EELV), e de associações ambientalistas como Greenpeace e Amigos da Terra.

A campanha espera sensibilizar o público às vésperas da Black Friday, que acontece no dia 27 de novembro, e que marca oficialmente o início das vendas de Natal.

Aux côtés de nombreuses ONG, d'élus, de fédérations de commerçants et de citoyens, j'ai signé l'appel pour un #NoëlSansAmazon, afin de soutenir l’emploi local, les commerces de proximité et les acteurs d’un commerce raisonnable et durable.
👉 https://t.co/yB3SSNBdNc https://t.co/cWXxwEUv7T pic.twitter.com/ww9bFNIqXC

— Anne Hidalgo (@Anne_Hidalgo) November 17, 2020

Promessa ao Papai Noel

"Querido Papai Noel, neste ano nós nos comprometemos a um Natal sem Amazon", diz o texto da campanha. “A crise sanitária que atravessamos já teve consequências dramáticas na França, milhares de empregos desapareceram, o desemprego atinge 9% da população e 1 milhão de pessoas caíram na pobreza”, lembra a petição. “Para sair desta crise, precisamos reencontrar duas coisas: nossa soberania nacional e europeia, e nosso espírito de solidariedade”, continua.

Para quem aprecia a facilidade da compra online, tão útil durante o período de lockdown, o grupo lembra que é possível fazer encomendas pela internet ou por telefone em comerciantes locais e apenas ir até a loja física para retirar, no sistema conhecido como “click and collect”.

A campanha defende ainda a preferência pela compra de produtos de segunda mão ou artesanais, em compasso com a ideia de reduzir a superprodução.

Pedido de novo imposto contra Amazon

A campanha, que visa consumidores, foi lançada no dia seguinte à publicação de um artigo na Franceinfo que pede uma ação imediata do governo francês contra a gigante digital.

“A revolta que cresce em toda a França ainda deve aumentar, porque o mundo sonhado pela Amazon está em total contradição com a profunda aspiração a vidas decentes em um planeta habitável”, afirma o texto, que tem 120 signatários, entre eles políticos, representantes sindicais, donos de livraria e editores.

O grupo demanda a criação de um imposto extraordinário sobre o lucro da Amazon no país neste período de pandemia para financiar as perdas dos pequenos e médios comerciantes.

A Amazon tem cerca de 16,5% do mercado francês de produtos físicos vendidos online. Nos últimos 12 meses, a gigante digital acumulou 7,4 bilhões de euros em vendas no país, de acordo com estimativas recentes da consultoria Kantar.

A Amazon se defende afirmando apoiar "mais de 11.000 empresários e comerciantes franceses" e empregar "mais de 9.300 pessoas na França".