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Após encontro com Milei, papa Francisco não confirma viagem à Argentina

O presidente argentino, Javier Milei, foi recebido pela primeira vez no Vaticano nesta segunda-feira (12) pelo Papa Francisco, que é natural de Buenos Aires como ele. A audiência durou mais de uma hora e foi destinada a acalmar as relações, após os insultos do economista ultraliberal ao pontífice.

O Papa Francisco encontra-se com o presidente da Argentina, Javier Milei, no Vaticano, em 12 de fevereiro de 2024.
O Papa Francisco encontra-se com o presidente da Argentina, Javier Milei, no Vaticano, em 12 de fevereiro de 2024. via REUTERS - VATICAN MEDIA
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O presidente de 53 anos, que pretende tornar a Argentina “uma potência mundial” novamente através da desregulamentação e privatização da economia, faz a sua primeira visita oficial a Roma dois meses após assumir o cargo e quando a Argentina vive uma situação difícil.

O encontro no palácio apostólico durou 1 hora e 10 minutos e decorreu num ambiente aparentemente descontraído, com os dois argentinos sorridentes nas imagens divulgadas pelo Vaticano.

Como manda a tradição, Milei e Francisco trocaram presentes e agradecimentos mútuos. O presidente argentino ofereceu ao Papa tradicionais biscoitos argentinos de limão e doce de leite, muito apreciados pelo Sumo Pontífice.

Nenhuma informação vazou sobre uma possível viagem do papa à Argentina, para onde Jorge Bergoglio não voltou desde a sua eleição como chefe da Igreja Católica, em 2013.

Após acusar o papa de interferência política no ano passado, Javier Milei suavizou o tom, encorajando-o a fazer uma visita oficial ao país.

Habituado a frases provocativas e impulsivas, durante a sua campanha eleitoral, Milei tratou o papa como um “personagem nefasto”, um “imbecil que promove o comunismo” ou um “representante do Maligno” na Terra, antes de mudar radicalmente o tom, apresentando-lhe suas “desculpas” e garantindo que o “respeita”.

Em novembro, contudo, Francisco telefonou ao recém-eleito presidente para o felicitar, ignorando os insultos e enviando de presente um rosário.

No domingo (11), os dois participaram de uma missa celebrada na Basílica de São Pedro pela canonização da primeira santa da Argentina, a freira do século XVIII "Mama Antula".

Num gesto muito informal, Milei deu um abraço franco em seu compatriota de 87 anos que usa cadeira de rodas.  

Milei também se reuniu com altos funcionários da Secretaria de Estado da Santa Sé, incluindo o cardeal italiano Pietro Parolin, número dois no Vaticano.

As “discussões cordiais” centraram-se no “programa do novo governo para combater a crise econômica”, informou o Vaticano.

Diferenças

Estruturalmente endividada e com uma inflação superior a 200% em 2023, a terceira maior economia da América Latina está ameaçada de recessão em 2024, sob o efeito das primeiras medidas de austeridade decretadas por Milei: a desvalorização do peso em 50%, o fim dos controles de preços e dos subsídios aos transportes e à energia.

Sobre a ecologia, tema forte do pontificado, Milei assegura que as alterações climáticas não são “uma responsabilidade do homem”, enquanto o Papa denuncia o impacto humano na “casa de todos”.

Os dois homens divergem também radicalmente sobre a forma de combater a pobreza, que afeta 40% da população argentina.

Desde o início do seu pontificado, Francisco aponta para as desigualdades geradas pela economia de mercado e faz apelos à proteção dos mais vulneráveis ​​da sociedade.

Na tarde desta segunda-feira, Milei também se reuniu em Roma com o seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, e com a chefe de governo Giorgia Meloni, duas reuniões sobre as quais nada foi divulgado.

Criado como católico, Milei explicou que se aproximou do judaísmo, estudando a Torá como autodidata, sem se converter.

(Com informações da AFP)

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