Acessar o conteúdo principal

Tensão no Kosovo: ministra francesa enquadra Djokovic após mensagem 'militante' pró-Sérvia

A ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, enquadrou o sérvio Novak Djokovic, nesta quarta-feira (31), a respeito da declaração de que o Kosovo era "o coração da Sérvia". Djokovic expressou um posicionamento "militante, político ao extremo, que não deve se repetir", disse a ministra à TV francesa .

Des forces du maintien de la paix de l'Otan tiennent gardent en face de policiers kosovares en face d'un bâtiment de la municipalité après les heurts, à Zvecan, le 30 mai 2023.
Des forces du maintien de la paix de l'Otan tiennent gardent en face de policiers kosovares en face d'un bâtiment de la municipalité après les heurts, à Zvecan, le 30 mai 2023. © Dejan Simicevic / AP
Publicidade

De acordo com a ministra, Djokovic teve um comportamento "inadequado", na segunda-feira (29), ao afirmar, após sua estreia no torneio de Roland Garros, que o "Kosovo é o coração da Sérvia". O tenista acrescentou à mensagem um "não à violência", em referência aos confrontos ocorridos nos últimos dias entre manifestantes sérvios, albaneses e kosovares na região.  

Djokovic chegou a dar explicações aos jornalistas sérvios: "Como uma figura pública, mas também como filho de um homem que nasceu no Kosovo, sinto uma responsabilidade adicional de tentar expressar meu apoio ao nosso povo e à Sérvia como um todo. É o mínimo que posso fazer. Não sou um político e não tenho a intenção de entrar em um debate". Mas esta postura não convenceu as autoridades francesas. Em janeiro de 2008, quando conquistou pela primeira vez o Aberto da Austrália, Djokovic já tinha declarado: "Kosovo é Sérvia". 

A situação nesta região dos Balcãs, que é tensa há vários anos, piorou nas últimas semanas depois que a comunidade sérvia boicotou as eleições municipais de abril em quatro localidades do norte, onde representa a maioria da população. Prefeitos albaneses foram eleitos no pleito, mas com um índice de participação inferior a 3,5% dos eleitores. Os governantes, considerados ilegítimos pelos manifestantes sérvios, tomaram posse na semana passada.

A tensão alcançou o ponto mais grave na segunda-feira, depois que os sérvios tentaram invadir a sede da prefeitura de Zvecan, mas foram impedidos pela polícia kosovar, que usou gás lacrimogêneo. Depois desses incidentes, que deixaram 30 soldados feridos, a Otan anunciou na terça-feira que iria reforçar seu contingente no Kosovo.

Novas manifestações

Entretanto, centenas de manifestantes sérvios voltaram a se reunir, nesta quarta-feira, diante da prefeitura de Zvecan, para exigir a saída dos prefeitos albaneses. Soldados cercaram o prédio e reforçaram a segurança com um alambrado e uma barreira de metal. Os manifestantes exibiram uma bandeira da Sérvia de mais de 200 metros de comprimento, entre o centro da cidade e a sede da prefeitura. Belgrado informou que até agora 52 pessoas ficaram feridas nos distúrbios, três delas em estado grave.

O Kosovo, que era uma província sérvia, declarou sua independência de Belgrado depois de uma guerra que terminou em 1999 com uma campanha de bombardeios da Otan, liderada pelos Estados Unidos. Quase 120.000 sérvios vivem nesse território, que tem 1,8 milhão de habitantes, a maioria deles albaneses. Mas a Sérvia, apoiada por Rússia e China, nunca reconheceu a independência do Kosovo, proclamada em 2008. 

Moscou declarou seu apoio incondicional à Sérvia. "Todos os direitos e interesses legítimos dos sérvios do Kosovo devem ser respeitados", disse, nesta quarta, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Nós oferecemos nosso apoio incondicional à Sérvia e aos sérvios", destacou o diplomata russo.

Macron critica autoridades kosovares

Em visita à Eslováquia, nesta quarta, o presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a evocar "a responsabilidade das autoridades kosovares" no recrudescimento das tensões no território. Macron recordou, em entrevista coletiva em Bratislava, que os europeus alertaram o governo de Pristina que a realização de eleições seria "um erro" no atual contexto europeu. O líder francês citou, inclusive, um acordo acertado a esse respeito, após negociações recentes que envolveram autoridades sérvias e kosovares, negociadores tchecos, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, e ele mesmo.

A União Europeia (UE), que tem papel de mediação há uma década na região, pediu às duas partes que "reduzam a tensão de forma imediata" e sem condições.

O governo dos Estados Unidos, um aliado de Pristina, criticou o papel da administração do primeiro-ministro kosovar Albin Kurti na crise e vetou a participação do país em exercícios militares conjuntos.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.