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Igreja Anglicana cogita dar "a bênção de Deus" a casais do mesmo sexo, mas recusa casamento

A Igreja da Inglaterra debate, nesta quarta-feira (8), a permissão de padres oferecerem bênçãos a casais do mesmo sexo. A discussão ocorre em meio a profundas divisões entre religiosos anglicanos, reunidos para um Sínodo Geral até esta quinta-feira (9), na Abadia de Westminster, em Londres.

A Igreja Anglicana está sob pressão da sociedade para reformar a sua abordagem em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo desde que a medida se tornou legal na Inglaterra, em 2013. Imagem ilustrativa
A Igreja Anglicana está sob pressão da sociedade para reformar a sua abordagem em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo desde que a medida se tornou legal na Inglaterra, em 2013. Imagem ilustrativa REUTERS/Gonzalo Fuentes
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A reunião ocorre de duas a três vezes por ano. Após cinco horas de discussões, os membros da Igreja Anglicana iniciaram a votação sobre propostas apresentadas no mês passado pelos bispos. 

Não há mudança nas regras que proíbem os padres anglicanos de oficiar casamentos de casais do mesmo sexo. Porém, entre as sugestões apresentadas, eles poderiam oferecer "a bênção de Deus" para casamentos civis ou parcerias civis na igreja. 

“Este é um direito estendido a todos os homens e mulheres heterossexuais na Inglaterra, independentemente de sua religião – mas não aos LGBTs. Isso é discriminação, e discriminação não é um valor cristão”, defendeu o veterano ativista dos direitos gays no Reino Unido, Peter Tatchell.      

Pedido de desculpas

Em uma carta aberta, no mês passado, os bispos anglicanos emitiram um pedido de desculpas sem precedentes, direcionado às pessoas LGBTQ+ pelas vezes em que enfrentaram uma "resposta hostil e homofóbica" nas paróquias. 

Jayne Ozanne, membro do Sínodo e ativista LGBTQ, emitiu sua própria condenação ao pedido de desculpas tardio. "Tivemos anos de pedidos de desculpas de nossos bispos, mas nenhuma ação", disse ele à AFP, antes do debate desta quarta-feira. "É como um relacionamento abusivo em que alguém fica batendo em você e depois diz 'me desculpe, me desculpe'", comparou. "Até que a discriminação e o abuso parem, não queremos ouvir mais palavras vazias. Precisamos agir primeiro," completou. 

Enquanto as medidas - que seguem quase seis anos de debate interno sobre o assunto - foram bem recebidas por alguns como um progresso, outros não têm a mesma opinião. 

"Estou apoiando não por causa da cultura, mas por causa das escrituras, tradição e razão evidenciadas no vasto trabalho realizado nos últimos seis anos", disse o arcebispo de Canterbury, Justin Welby. 

Já Vaughan Roberts, reitor de uma igreja evangélica em Oxford, no centro da Inglaterra, implorou ao Sínodo que rejeitasse as reformas. "Acredito que essa abordagem não nos manterá unidos, mas apenas nos afastará ainda mais", alertou. 

O conservador Conselho Evangélico da Igreja da Inglaterra protestou contra as reformas. “Haverá uma fratura profunda dentro da Igreja da Inglaterra porque muitos de nós não podemos concordar com isso e seremos forçados a nos distanciar daqueles que concordam”, acrescentou Roberts em seus comentários. 

Igreja sob pressão

A Igreja da Inglaterra está sob pressão para reformar a sua abordagem em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo desde que a medida se tornou legal na Inglaterra, em 2013. 

Embora dezenas de outros países tenham legalizado as uniões entre pessoas do mesmo sexo, a homossexualidade continua proibida em muitas partes do mundo. 

Isso inclui países altamente religiosos e conservadores da África Subsaariana, que ajudam a compor a Comunhão Anglicana de 43 igrejas, em 165 países. 

A rejeição das propostas durante o Sínodo de Londres poderia tornar praticamente impossível o prosseguimento da medida. 

A Igreja da Inglaterra não é a única comunhão cristã importante que enfrenta grandes tensões sobre o assunto. A Igreja Católica também é atormentada por divisões. O Papa Francisco gerou polêmica com sua atitude relativamente liberal em relação à orientação sexual, que está em desacordo com as crenças de muitos católicos conservadores. 

Mas o papa também frustrou os mais progressistas ao se ater firmemente ao ensinamento católico de que o casamento é a união entre um homem e uma mulher. 

(Com informações da AFP)

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