UE condena bombardeios na Ucrânia, que atingiram locais frequentados por civis
A União Europeia (EU) considerou os ataques russos contra civis na Ucrânia "crimes de guerra", e seus responsáveis "devem prestar contas" declarou Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrel. A declaração foi dada após uma onda de bombardeios com mísseis e drones no país, na manhã desta segunda-feira (10).
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"Trata-se de uma nova escalada que é absolutamente inaceitável. Esses ataques bárbaros mostram que a Rússia opta por uma tática de bombardeios cegos contra civis", declarou o porta-voz. A UE também pediu à Bielorrússia que "não seja parte da agressão brutal perpetrada pela Rússia".
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, denunciou uma "escalada inaceitável da guerra." Ele se disse "profundamente chocado pelos ataques", de acordo com um comunicado divulgado pelo seu porta-voz, Stéphane Dujarric. De acordo com Guterres, os civis pagam "o preço mais alto" pelo conflito.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, um aliado de Putin, acusou a Polônia, a Lituânia e a Ucrânia de prepararem ataques "terroristas" e de incitarem uma "revolta" em seu país, anunciando o envio de um grupo militar "regional" com Moscou, sem dar precisões sobre a localização.
"O treinamento na Polônia, Lituânia e Ucrânia de combatentes, incluindo radicais bielorrussos, para realizarem sabotagens, atos terroristas e um levante militar no país, torna-se uma ameaça direta", disse Lukashenko durante uma reunião com autoridades de segurança.
"Se você quer paz, prepare-se para a guerra", concluiu Lukashenko, afirmando que "não deve haver guerra no território de Belarus". O país, aliado da Rússia no conflito contra a Ucrânia, já emprestou seu território ao Exército russo para a ofensiva contra a Ucrânia. Porém, o Exército bielorrusso ainda não participou dos combates em território ucraniano e a entrada de forças de Belarus em seu vizinho marcaria uma nova escalada do conflito na Ucrânia.
Os líderes do G7 vão discutir a situação em uma reunião virtual com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na terça-feira (11).O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, expressou a "solidariedade da Alemanha e dos outros Estados do G7" à Ucrânia, de acordo com o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, à imprensa. "A Alemanha fará tudo que estiver ao seu alcance para mobilizar apoio adicional e, em particular, para ajudar a reparar e restaurar a infraestrutura civil que foi danificada, como o fornecimento de eletricidade e aquecimento", disse Hebestreit.
Ataques inaceitáveis
Para o Reino Unido, os ataques russos em Kiev e outras cidades são "inaceitáveis". A França considerou os bombardeios como um "crime de guerra" e prometeu aumentar a ajuda militar a Kiev. Estes "ataques deliberados da Rússia em todo o território ucraniano e contra civis são uma mudança profunda na natureza desta guerra", disse o presidente frances, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira, acrescentando que vai reunir os seus representantes diplomáticos e conselheiros militares para "fazer um balanço" da situação.
De acordo com a polícia ucraniana, pelo menos cinco pessoas morreram e mais de uma dezena ficaram feridas nos ataques a Kiev, nesta manhã. O bairro central de Shevkenko foi atingido e uma universidade, museus e o prédio da filarmônica foram danificados, afirmam as autoridades locais.
Um jornalista da AFP que estava na cidade relatou que um dos projéteis caiu perto de um parquinho infantil e que fumaça saía de uma grande cratera. Vídeos postados nas redes sociais mostravam colunas de fumaça preta sobre várias áreas da capital ucraniana.
Em grande parte poupada dos combates até o momento, a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, também foi bombardeada. O prefeito Andriy Sadovyi confoirmou que uma parte da cidade ficou sem eletricidade e água quente.
O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou ter lançado bombardeios "maciços" contra a Ucrânia, em resposta ao ataque "terrorista" que destruiu parcialmente a ponte da Crimeia e pelo qual ele acusa Kiev. Durante a abertura de um Conselho de Segurança, transmitido pela televisão, Putin prometeu respostas "severas" em caso de novos ataques da Ucrânia contra a Rússia. "Se as tentativas de ataques terroristas em nosso território continuarem, as respostas da Rússia serão severas e sua escala corresponderá ao nível das ameaças representadas", acrescentou Putin. "Ninguém deve ter dúvidas", alertou.
Moldávia pede explicações
A Moldávia declarou, nesta segunda-feira, que mísseis de cruzeiro russos lançados contra a Ucrânia entraram em seu espaço aéreo. O governo convocou o representante de Moscou no país para dar explicações. No domingo (9), Putin acusou os serviços secretos ucranianos de terem causado a explosão, no sábado (8) que destruiu parcialmente a ponte que liga a Rússia continental à península da Crimeia, anexada em 2014. Putin considera o incidente como um "ato terrorista". O tráfego de trens e carros foi interrompido por várias horas após a explosão, que deixou três mortos e foi atribuída a um caminhão-bomba.
A explosão na ponte, inaugurada por Putin em 2018 e símbolo da anexação da Crimeia, foi vista como mais um revés para a Rússia, que perdeu terreno na Ucrânia nas últimas semanas.
O Exército ucraniano e os serviços especiais de Kiev (SBU) não confirmaram nem negaram seu envolvimento na explosão. O presidente Zelensky apenas ironizou em um vídeo que o tempo estava "nublado" na Crimeia no sábado (9), uma provável referência à fumaça do incêndio.
(Com informações da AFP)
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