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Em último pronunciamento do ano, Macron deve exaltar chegada da vacina e melhora da economia em 2021

O presidente Emmanuel Macron apresenta os seus desejos de fim de ano aos franceses num pronunciamento aguardado para esta quinta-feira (31), às 20h locais (16h em Brasília). O líder quer trazer “uma mensagem de verdade e de transparência ao fim de um ano extremamente difícil para o país”, afirmou o porta-voz do governo, Gabriel Attal.

Emmanuel Macron, em pronunciamento no dia 28 de outubro de 2020.
Emmanuel Macron, em pronunciamento no dia 28 de outubro de 2020. AFP - LUDOVIC MARIN
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Depois de um ano de 2020 considerado negativo por 82% dos franceses, segundo pesquisa da Harris-Interactive, o chefe de Estado deve "dar novas perspectivas de futuro" com "a chegada da vacina" e sobre a “retomada da economia”, bem como uma “mensagem de unidade”, acrescenta.

O ano de 2021 será de “resultados”, “ações concretas” e “agenda de reformas”, promete ainda o Palácio do Eliseu. "O que nossos compatriotas esperam de nós para 2021 é um ano de ambição e recuperação", disse Emmanuel Macron no último Conselho de Ministros, ocorrido em 21 de dezembro, após se recuperar da Covid-19.

O presidente da França pretende "retomar o controle", após um ano de 2020 varrido por "uma pandemia histórica, crises internacionais, terrorismo, divisões na sociedade e uma crise econômica e social sem precedentes". O ano ainda terminou com a morte, na segunda-feira (28), no Mali, de três soldados franceses, a quem o primeiro-ministro Jean Castex prestará homenagem logo após o pronunciamento  do chefe de Estado, no Palácio do Eliseu.

Neste contexto, Macron terá de "encontrar um equilíbrio entre o momento solene" e a tradição dos votos de Ano Novo, além da necessidade de "acompanhar o estado de espírito dos franceses e traçar perspectivas muito precisas", explicou Sylvain Fort, ex-assessor do presidente, em entrevista nesta quinta-feira (31) na rádio Europa 1. Ele ressaltou que a França é "dependente de todos os tipos de fatores externos incertos ou mesmo desconhecidos".

Prioridade para a saúde

A crise sanitária continuará a ser a prioridade do presidente. Os franceses já estarão em casa por conta do toque de recolher quando Macron fará o seu nono discurso em cadeia de televisão este ano. Aqueles que esperam o fim das restrições contra a Covid-19 em 2021 poderão se decepcionar.

"Parece bastante improvável que possamos aliviar um grande número de restrições", disse o porta-voz Gabriel Attal, também cético quanto à uma possível reabertura dos locais culturais em 7 de janeiro.

Além disso, o toque de recolher a partir das 20h, suspenso na noite do Natal, deve ser antecipado para as 18h deste sábado nas regiões mais afetadas pela pandemia. A medida é considerada insuficiente pelos prefeitos desses territórios, diante da saturação dos hospitais.

A média de contaminações diárias pela Covid-19 permanece em um "platô bastante alto" de 15.000 novos casos, de acordo com Attal, longe da meta de 5.000 estipulada pelo governo. Na quarta-feira (30), 24.560 pacientes de Covid-19 foram hospitalizados. A situação pode se agravar nos próximos dias, depois que a população participou de reuniões familiares para as comemorações de Natal. O Conselho Científico, que orienta o Executivo na tomada de decisões sobre a Covid-19, considera "provável" uma "retomada descontrolada da epidemia".

Legião de Honra contra a Covid-19

Este ano, a tradicional condecoração da Legião de Honra de 1º de janeiro vai homenagear pessoas, conhecidas ou anônimas, mobilizadas contra a Covid-19. Enquanto o vírus já matou mais de 60 mil pessoas na França em 2020, o governo aposta agora nas campanhas de vacinação, cuja lentidão recebe muitas críticas no Parlamento. A estratégia é “assumida” pelo ministro da Saúde, Olivier Véran, que quer tomar tempo para “educar” os franceses mais desconfiados quanto à  segurança das vacinas.

As incertezas permanecem sobre a reabertura de restaurantes e bares no dia 20 de janeiro, mas Emmanuel Macron deve insistir na "reconstrução econômica" do país. O presidente também poderá mencionar outras questões cruciais de seu mandato que foram deixadas de lado pela crise sanitária, como a reforma da Previdência.

"A reforma, a mudança permanecerá no programa. Estaríamos cometendo um erro se apenas nos preocupássemos com a Covid-19 de manhã, ao meio-dia e à noite", disse o secretário de Estado para Assuntos Europeus, Clément Beaune, em entrevista à rádio LCI.

Por fim, analistas políticos avaliam que o pronunciamento do presidente será uma oportunidade para "passar uma série de mensagens" na perspectiva da eleição de 2022, enquanto sua "imagem de reformador ousado", de 2017, "se diluiu gradualmente a ponto de nos perguntarmos o que sobrou do macronismo em 2020", analisa Bruno Cautrès, pesquisador do Cevipof, centro de estudos em política da SciencePo.

 

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