Zelensky quer Europa mais engajada para reduzir risco de guerra fora das fronteiras da Ucrânia
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Bruxelas está sob forte esquema de segurança para receber o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, que participa de um Conselho Europeu especial, nesta quinta-feira (9). Embora a cidade esteja acostumada a receber muitos líderes, a chegada de Zelensky exige uma logística muito mais complicada. É a primeira vez que o líder ucraniano desembarca na capital europeia desde a invasão russa em seu país, há quase um ano.
Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
A viagem do presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky à Bruxelas era para ser mantida em segredo, por razões óbvias de segurança, até o momento em que o líder ucraniano colocasse os pés no Parlamento Europeu, onde discursa nesta manhã. Porém, a notícia sobre a visita vazou no início da semana, criando um enorme embaraço para o legislativo do bloco, e alguns detalhes tiveram que ser modificados.
A presença de Zelensky em Bruxelas tem um caráter altamente simbólico e acontece menos de uma semana da reunião UE-Ucrânia em Kiev. À medida que a guerra está chegando a um momento decisivo com a aguardada ofensiva russa se aproximando, Volodymyr Zelensky teve que se arriscar a fazer esta mini tournée europeia.
Sob um forte esquema de segurança, o presidente ucraniano irá se reunir com os chefes de Estado e governo do bloco. Zelensky deve cobrar mais rapidez e mais força dos líderes. O foco de sua mensagem será a adesão da Ucrânia à União Europeia, o pedido de mais armas e as sanções contra a Rússia. Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que um novo pacote de sanções contra Moscou – o 10º pacote desde o início da guerra – estaria a caminho. No entanto, quanto ao apoio militar, a resposta europeia pode ser decepcionante; Bruxelas não estaria pronta a se engajar por mais armas, apenas a enviar as que foram prometidas.
À margem do Conselho Europeu, Zelensky deve se reunir com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Londres e Paris
Em menos de doze horas, Zelensky encontrou um rei, um primeiro-ministro, um presidente e um chanceler. Antes de desembarcar em Bruxelas, o presidente ucraniano fez duas visitas surpresa na quarta-feira (8). A primeira foi à Londres, onde agradeceu o apoio britânico, discursou na Câmara dos Comuns, pediu mais armas, se reuniu com o premiê Rishi Sunak em Downing Street, e com o rei Charles 3º no Palácio de Buckingham.
Depois dos EUA, o Reino Unido é a potência mundial que mais tem se envolvido com a Ucrânia recentemente. Foi o primeiro país europeu a estar ao lado do governo de Kiev desde o início da guerra; além de apoio moral, os britânicos têm fornecido armas, treinamento de inteligência e há anos cooperam na reconstrução da Marinha ucraniana.
Já em Paris, Zelensky foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para um jantar no Palácio do Eliseu, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz. O líder ucraniano reiterou o pedido por mais armas. “Temos pouco tempo agora”, advertiu, “a Ucrânia tem que ter o armamento necessário para conseguir a paz”. Desde o início da invasão da Rússia na Ucrânia, que completa um ano no próximo dia 24, Volodymyr Zelensky saiu de seu país apenas para ir aos EUA e à Polônia.
Polêmica em torno dos caças F-16
O envio de aviões de combate F-16 à Força Aérea Ucraniana tem sido um dos assuntos mais polêmicos do conflito. Kiev tem solicitado estes caças desde o início da guerra, sem sucesso. Para a Ucrânia, essas modernas aeronaves militares seriam capazes de mudar o rumo da guerra, já Moscou vê a transferência destes caças como uma escalada do conflito. Nesta mini-tournée europeia, Volodymyr Zelensky insistiu no pedido dos aviões F-16, alegando que eles seriam as “asas da liberdade” para o seu país.
Em Londres, após ser ovacionado no Parlamento britânico, o líder ucraniano brincou com perspicácia ao agradecer “antecipadamente pelos poderosos aviões ingleses”. O premiê Sunak não exclui a entrega de aviões de combate à Ucrânia, mas dá prioridade a defesa antiaérea e mísseis de longo alcance.
A reação da Rússia foi imediata. A embaixada russa no Reino Unido prometeu uma “resposta com consequências políticas e militares para o continente europeu e todo o mundo” se Londres decidir enviar os caças à Ucrânia. Será que Zelensky conseguirá convencer seus aliados ocidentais a mudarem de opinião? No mês passado, o governo britânico rejeitou a ideia do envio de aeronaves de combate para a Ucrânia. A posição de Downing Street surgiu logo depois do presidente americano, Joe Biden, ter recusado categoricamente a enviar os caças F-16 para ataques contra a Rússia.
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