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Olimpíada de Inverno de Pequim tem início em meio a forte tensão internacional

Os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim começam nesta sexta-feira (4), sob um forte clima de tensão que inclui conflitos diplomáticos entre as grandes potências, ameaça sanitária da Covid-19 e críticas às violações dos direitos humanos pelo regime chinês. A capital chinesa se torna a primeira cidade da história a organizar Olimpíadas de inverno e de verão, ocorrida em 2008.

Sob um clima de tensão, os Jogos Olímpicos de Pequim têm início nesta sexta-feira (4).
Sob um clima de tensão, os Jogos Olímpicos de Pequim têm início nesta sexta-feira (4). AP - Jae C. Hong
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A cerimônia de abertura está marcada para as 20h, no horário local (9h em Brasília). O imenso estádio nacional de Pequim, conhecido como Ninho do Pássaro, acolherá o evento. Como em 2008, o espetáculo foi concebido pelo cineasta chinês Zhang Yimou, que prometeu um evento "inovador", mas reconheceu o desafio de levar em conta as temperaturas geladas, com previsão de -6°C, e a ameaça epidêmica.

Desta vez, a cerimônia reunirá "apenas" 3 mil artistas, dos quais a grande maioria são adolescentes. Tanto o roteiro quanto a identidade do último atleta a fazer o revezamento da tocha que acenderá a pira olímpica são protegidos como segredo de Estado.

"O período é diferente. Nosso conceito é simples, seguro e esplêndido", antecipou Zhang Yimou.

Como manda a tradição, a 24ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno da história só começará oficialmente quando o presidente chinês, Xi Jinping, declarar que eles estão "abertos". Por causa da pandemia, esta Olimpíada, a segunda da era da covid, após Tóquio em 2021, dificilmente será uma festa.

Medidas rígidas contra a Covid-19

A China garante que a "bolha sanitária" vai garantir a segurança dos esportistas e da população. Os atletas são submetidos a exames PCR diariamente. Como Pequim adota uma estratégia de covid zero, nenhum contato com a população é autorizado. Nas arquibancadas das competições, estarão apenas "convidados", que respeitarão o distanciamento físico.

Outra polêmica envolve o uso de neve 100% artificial para as provas de ski, que já começaram. As pistas foram construídas em um site natural protegido, utilizado para a prática de esportes. O Brasil participa dos Jogos Olímpicos de Pequim com uma delegação de 11 atletas.

Boicote de líderes ocidentais

Os Jogos também não deverão apaziguar as tensões que monopolizam os bastidores das competições. Para protestar contra a situação dos direitos humanos na China, principalmente em relação à minoria uigur, nenhum líder de uma grande potência ocidental estará presente.

O presidente russo, Vladimir Putin, chegou a Pequim nesta manhã e destacou a relação “sem precedentes” do seu país com a China sob o líder Xi Jinping, tendo como pano de fundo a crise na Ucrânia, que leva a um acirramento das divergências de Moscou com os Estados Unidos e os europeus. Neste momento de tensão, o governo ucraniano pediu a seus representantes em Pequim que não confraternizem com os russos.

Cerca de 20 líderes mundiais participarão da cerimônia de abertura, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres. Entre os presidentes latino-americanos, são aguardados o argentino Alberto Fernández e seu colega equatoriano, Guillermo Lasso.

Manifestações

A milhares de quilômetros de Pequim, em Lausanne, na Suíça, 500 tibetanos se manifestaram nesta quinta-feira em frente à sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) para denunciar os "Jogos da Vergonha", as ações do regime chinês na região do Himalaia e sua repressão religiosa e cultural.

Tibetanos protestam em Lausanne, na Suíça, contra os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. (03/02/2022)
Tibetanos protestam em Lausanne, na Suíça, contra os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. (03/02/2022) VALENTIN FLAURAUD AFP

Em Hong Kong, um ativista pró-democracia foi detido pela acusação de "incitar a subversão", pouco antes de um protesto contra os Jogos Olímpicos de Pequim. Em Los Angeles, cerca de 50 manifestantes se reuniram em frente ao consulado chinês. Em todo o mundo, convocações para manifestações foram feitas para denunciar também as violações aos direitos humanos em Xinjiang (noroeste) contra os uigures, mas até o momento os protestos foram pequenos.

Difícil separação entre esporte e geopolítica

Enquanto isso, os quase 2.900 atletas que vão disputar as competições, representando 92 países em busca de 109 medalhas de ouro, tentam se manter à margem das polêmicas, afinal os Jogos são um momento único em suas carreiras.

A maioria se concentra no esporte, mas há alguns que criticam o fato de competir na China, como o britânico Gus Kenworthy, vice-campeão olímpico em 2014 no esqui slopestyle.

"Na minha opinião, não acho que nenhum país deveria ser autorizado a receber os Jogos se tem posições terríveis de direitos humanos", declarou ele, à BBC.

Esquiador austríaco Manuel Fettner treina para os Jogos de Inverno.
Esquiador austríaco Manuel Fettner treina para os Jogos de Inverno. Christof Stache AFP

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