Acessar o conteúdo principal
Rio/Jogos Paralímpicos

Paralimpíadas do Rio: silêncio, ação e medalhas

O primeiro dia de competições das Paralimpíadas do Rio de Janeiro teve algumas das Arenas do Parque Olímpico da Barra, o principal local de competição, parcialmente cheias. O público motivou os para-atletas, e, ao mesmo tempo, teve que aprender a se comportar na modalidade criada exclusivamente para portadores de deficiências.

Ricardo Costa de Oliveira desfila com a bandeira do Brasil para comemorar sua medalha de ouro.
Ricardo Costa de Oliveira desfila com a bandeira do Brasil para comemorar sua medalha de ouro. Foto:REUTERS
Publicidade

Enviado especial ao Rio de Janeiro,

As seleções do Brasil, tanto no masculino quanto no feminino, estrearam junto com o goalball, um esporte criado exclusivamente para deficientes visuais. Disciplina ainda pouco conhecida do grande público, serviu também para mostrar os talentos que podem garantir mais medalhas ao país.

Primeira equipe a inaugurar o goalball na Arena do Futuro, que serviu para as competições de handebol nas Olimpíadas, a seleção masculina ganhou fácil de um adversário que costuma ser mais duro. O placar de 9 a 6 garantiu uma boa arrancada na competição. Os jogadores da equipe saíram confiantes e entusiasmados com a reação calorosa do público.

Leomon Moreno, autor de seis gols, vibrou: “Não temos a casa cheia, mas é um público muito significativo. A gente nunca tinha jogado com um público assim, totalmente brasileiro, isso influencia muito dentro de quadra”, garantiu.

Se os jogadores se empolgam com a vibração das arquibancadas, os juízes nem tanto. Durante a partida masculina, a arbitragem chegou a pedir silêncio repetidas vezes para os torcedores. Isso porque no goalball, a audição é um elemento fundamental para o desempenho dos atletas. Divididos em uma quadra com um gol gigante de 9 metros, os três jogadores, com uma venda nos olhos, devem evitar a entrada da bola quando defendem. Para isso, se orientam pelo ruído de guizos dentro da bola, que é arremessada com as mãos pelos adversários.

No jogo feminino do Brasil contra aos Estados Unidos, a atitude de uma das juízas foi mais radical. Com seu microfone acoplado ao sistema de som do ginásio, ela pediu a retirada de um bebê que estava chorando e, supostamente, atrapalhando o bom andamento do jogo.

O Brasil venceu os Estados Unidos da estreia do goalball feminino.
O Brasil venceu os Estados Unidos da estreia do goalball feminino. Foto: RFI Brasil

Daílton Freitas, treinador do goalball feminino, acredita que será uma questão de tempo para o público se acostumar e aprender o jeito certo de torcer. “Temos a cultura do futebol. Gol, todo mundo grita, é emoção. Mas no goalball você extravasa de uma forma muito rápida. Faz um ‘pico de motivação’ na hora do gol, mas já tem que voltar para a próxima defesa. Os torcedores brasileiros, que estão conhecendo o goalball de perto, têm que se acostumar e ter essa dinâmica para torcer”, explicou.

“A torcida nos apoiou e compreendeu como tem que ser o jeito de torcer: extravasa mas tem que voltar logo para o silêncio”, acrescentou, agradecendo a boa presença do público. Muitos compareceram com a camiseta da seleção brasileira de futebol.

No basquetebol de cadeira de rodas, os torcedores da Arena Carioca 1 puderam gritar à vontade, com os locutores incentivando até para formar uma ola durante os intervalos. As meninas da seleção proporcionaram momentos de puro prazer ao aplicarem uma vitória elástica, de 85 a 19, sobre a Argentina.

O embalo da torcida verde-amarela foi fundamental, segundo Vileide Almeida, a Vivi, cestinha da partida com 31 pontos. “Na hora do hino a emoção tomou conta, ainda mais com a torcida. Foi muita energia dentro e fora de quadra. É sem palavras”, afirmou, emocionada. “Jogar em casa, com essa torcida, com esse calor, é maravilhoso”, acrescentou Ana Aurélia, outra jogadora que teve destaque na vitória.

A seleção brasileira venceu a Argentina na estreia do basquete sobre rodas feminino.
A seleção brasileira venceu a Argentina na estreia do basquete sobre rodas feminino. Foto: RFI Brasil

Enquanto os esportes coletivos, avançam com o apoio barulhento da torcida, o Brasil subiu ao pódio nesta estreia das competições graças ao desempenho individual do atletismo.

A primeira medalha do país veio com Odair Santos, nos 5.000m, que terminou em segundo e garantiu a prata. Um recurso do Comitê Paralímpico Brasileiro e também de outras delegações contestando a vitória do queniano Samuel Kimani, sob alegação de que ele teria corrido com a venda fora do lugar, pode fazer o brasileiro herdar o ouro. 

Mas foi o sul-mato-grossense Ricardo Costa de Oliveira, deficiente visual devido à Doença de Stargardt que provoca a perda total da visão de maneira degenerativa, quem entrou para a história ao ser o primeiro brasileiro a subir no lugar mais alto do pódio na Rio 2016.

Ricardo Costa de Oliveira salta para conquistar o ouro nos Jogos do Rio 2016.
Ricardo Costa de Oliveira salta para conquistar o ouro nos Jogos do Rio 2016. REUTERS/Jason Cairnduff

Com o apoio da torcida no Estádio Olímpico, ele cravou a maior marca no salto em distância com 6.52m.
Com as duas medalhas do atletismo, o Brasil chegou a ficar algumas horas na liderança da classificação do quadro total de medalhas, mas logo foi superado pela China.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.