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Rio 2016

Derrota não abala judoca do Time de Refugiados do COI: "Estou feliz"

Ovacionado pelo público dos Jogos do Rio, onde disputou sua primeira competição desde que se tornou refugiado no Brasil, o congolês Popole Misenga não conteve sua alegria ao deixar o tatame da Arena Carioca 2, apesar da derrota e a eliminação na competição de judô.

Popole Misenga venceu sua primeira luta contra o indiano Avtar Singh.
Popole Misenga venceu sua primeira luta contra o indiano Avtar Singh. REUTERS/Toru Hanai
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“Estou muito feliz. Quando entrei, me disseram que não ia ter nenhuma torcida. Foi uma surpresa ver que todo mundo estava torcendo para mim na primeira luta”, disse.

“Eu falei: 'tenho que ganhar'. A pessoa com quem estava lutando me pegou no meu braço, quase quebrou. Eu pensei: 'vou bater, não vou fazer onda'. Tenho que ganhar essa primeira luta para o público. O público ficou muito feliz também“, disse em entrevista à Rádio França Internacional.

Competindo pelo Time de Refugiados do COI, o primeiro criado para representar os 65 milhões de refugiados e deslocados no mundo, Popole, de 24 anos, voltou a disputar sua primeira competição desde 2013.

Na época, ele estava no Brasil para representar seu país, a República Democrática no Congo, no Campeonato Mundial. Fugindo de perseguição e da guerra, ele decidiu pedir asilo e se tornou uma exilado.

Acolhido pelo Instituto Reação, criado pelo ex-judoca Flávio Canto, ele voltou a treinar depois de 12 anos parado, sob orientação do técnico Geraldo Bernardes, o mesmo que fez um trabalho de base com Rafaela Silva. Foi apenas um ano e três meses de treinamento antes de Popole voltar ao tatame em uma competição oficial.

O congolês Popole Misenga (azul) disputou a Rio 2016 como atleta do time de Refugiados do COI.
O congolês Popole Misenga (azul) disputou a Rio 2016 como atleta do time de Refugiados do COI. REUTERS/Toru Hanai

Eliminado pelo atual campeão mundial

Na primeira luta pela categoria até 90 kg, o congolês passou pelo indiano Avtar Singh, 79° do ranking mundial. Ele venceu a disputa com um yuko.

Na sequência, encarou o atual campeão mundial e número 2 do ranking, o coreano Donghan Gwak. Popole chegou a provocar duas penalidades no adversário antes de perder a luta por ippon, a um minuto do final do combate.

“Ele não conseguiu fazer nada. Lutei até o final. Ele ganhou. Eu lutei minha primeira competição depois de 12 anos parado”, disse orgulhoso, ao final do combate e ainda sob o impacto da emoção que lhe proporcionouo o público.

Para seu treinador, Geraldo Bernardes, a participação do refugiado foi motivo de muito orgulho: “O que ele fez foi uma coisa de gigante. Uma pessoa que teve apenas um ano e três meses de treinamento no Instituto Reação e conseguir disputar de igual para igual, ganhar a primeira luta, inclusive marcar uma penalidade no maior atleta da categoria, foi uma grande coisa que aconteceu”, disse, entusiasmado.

“A coisa maior é a medalha que ganhamos ali, ela não está no peito, mas é uma medalha social, de transformação na vida deles”, disse.

Bernardes, primeiro treinador da medalhista de ouro Rafaela Silva, diz que a Olimpíada Rio 2016 o deixou inteiramente realizado.

“Estou muito orgulhoso. Tenho dois orgulhos, a Rafaela Silva, que treino desde garota, e ele [Popole Misenga], que começou depois de velho. Sou o ‘pai adotivo dele’. Ele é quem diz. Saio super feliz das Olimpíadas”, completou.

Antes de seguir sua maratona de entrevistas à imprensa de todo o mundo que ainda o aguardada, Popole deixou um recado: “Quero fazer muita competição, quero treinar para voltar mais forte e ganhar medalha”, completou.

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