Justiça da Suíça abre ação penal contra Blatter e envolve Platini

O Ministério Público (MP) da Suíça anunciou nesta sexta-feira (25) a abertura de uma ação penal contra o presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), Joseph Blatter, por suspeita de "gestão desleal e abuso de confiança" no exercício do cargo. A procuradoria-geral suspeita que Blatter tenha feito um "pagamento indevido" de 2 milhões de francos suíços, cerca de R$ 8 milhões, a Michel Platini, atual presidente da Uefa e candidato à sucessão na Fifa.

Depois de defender a demissão de Joseph Blatter (à esquerda), Michel Platini (à direita) cumprimenta o suíço pela reeleição. REUTERS/Arnd Wiegmann

Comunicado oficial da justiça suíça afirma que Blatter é acusado de ter feito um pagamento indevido a Platini, presidente da União das Associações Europeias Futebol (Uefa), causando prejuízos à entidade. O texto ainda levanta as suspeitas de má gestão e apropriação indevida de recursos.

O suíço, de 79 anos, também é acusado de ter assinado um contrato desfavorável à Fifa que beneficiou a Concacaf durante a gestão do cartola Jack Warner. Nesse caso, Blatter teria agido "em violação de seus deveres de gestão". Warner está preso em Trinidad e Tobago e aguarda decisão do pedido de extradição feito pela justiça americana. A decisão deve sair em dezembro.

A Fifa confirmou que perquisições e depoimentos foram foram realizados hoje na sede da entidade e que cumpriu todas as solicitações de justiça.

Juízes do MP suíço colheram o depoimento de Blatter "como réu" e "em paralelo de Platini", que foi ouvido "na qualidade de pessoa chamada a dar informação", diz a nota oficial.

Platini entra no escândalo

Platini é candidato à sucessão de Blatter. Segundo uma fonte do Judiciário suíço, ouvida pela agência AFP, o francês ofereceu provas aos juízes responsáveis pela investigação. O pagamento suspeito foi feito em fevereiro de 2011, para quitar obras efetuadas pela Uefa entre janeiro de 1999 e junho de 2002.

Presidente da Fifa desde 1998, Blatter renunciou ao cargo no início de junho, cinco dias depois de ser reeleito para um novo mandato, devido à extensão do escândalo de corrupção na entidade. Ele prometeu deixar o cargo num congresso que está marcado para 26 de fevereiro. Platini, que se tornou um desafeto de Blatter depois de defender a renúncia do chefe, e membro executivo da Fifa, é considerado favorito para a sucessão.

Nesta manhã, a Fifa desmarcou às pressas uma coletiva de imprensa que estava prevista, na qual Blatter comentaria as suspeitas contra seu ex-secretário-geral, Jeôme Valcke. O francês foi afastado do cargo na semana passada por suspeita de superfaturamento na venda de ingressos para a Copa do Mundo no Brasil.