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Na Ucrânia, famílias buscam incansavelmente seus desaparecidos

Um relatório da Comissão Internacional para Pessoas Desaparecidas revelou que pelo menos 15 mil pessoas, incluindo militares e civis ucranianos, estão desaparecidas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro. A RFI esteve em Orane, com ativistas do Center for Civil Liberties, vencedor do Prêmio Nobel da Paz e muito ativo no acompanhamento da busca dos civis desaparecidos.

Laryssa Yahodynska, mãe de um desaparecido na Ucrânia.
Laryssa Yahodynska, mãe de um desaparecido na Ucrânia. © Catalina Gómez / RFI
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Catalina Gómez, correspondente da RFI 

O inverno voltou a Orane, a 100 km ao norte de Kiev. Com a neve, intensifica-se o medo de Laryssa, que, depois de oito meses, a única notícia que tem de seu filho Alexander é uma carta recebida por meio da Cruz Vermelha internacional.

"A carta diz que está vivo, bem e saudável", ela disse à RFI. Alexander foi capturado junto com seu irmão mais novo em um bloqueio russo em 26 de março. “Meu filho menor foi enviado para um orfanato na Bielo-Rússia porque não sabiam o que fazer com ele, e quando consegui trazê-lo de volta para a Ucrânia, ele nos disse que achava que seu irmão havia quebrado uma costela”, lembra ela.

O Centro para as Liberdades Civis contabiliza 771 civis que desapareceram oficialmente desde 24 de fevereiro, 479 deles detidos em prisões russas. Eles têm certeza de que o número é muito maior, pois muitos outros casos estão sob investigação.

Natalia Yashchuk faz parte da equipe que, embora trabalhe na busca de todos os desaparecidos, se concentra mais em relação aos civis, principalmente os detidos, que geralmente não aparecem na lista de presos que a Rússia apresenta para troca.

"É um grande alívio poder dizer adeus"

“Tenho certeza de que a maioria dessas pessoas está nas prisões russas e outra parte está nos territórios ocupados da Ucrânia”, diz Yashchuk. “O que mais temo agora é o inverno, pois sabemos a precariedade em que vivem essas pessoas”, acrescenta.

Em oito meses de busca, finalmente um dia o grupo fez descobertas concretas. Eles encontraram o corpo de Lyudmyla Shevchenko. Sua família compareceu ao funeral. A última notícia que tinham tido dela é de que foi gravemente ferida em 24 de março em Bucha, sob controle russo.

"Para os parentes é um grande alívio poder dizer adeus e saber que ela foi enterrada sob as tradições ucranianas", declarou Natalia Yashchuk à RFI.

O mais difícil dessa investigação é que muitos dos desaparecidos e prisioneiros ainda estariam em áreas sob ocupação russa.

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