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Índia: Supremo Tribunal do país valida a revogação da autonomia da Caxemira

O tribunal Superior da Índia confirmou, nesta segunda-feira (11), a medida anunciada pelo governo do primeiro-ministro Narendra Modi para revogar a autonomia limitada da Caxemira, de maioria muçulmana, onde a insurgência dura décadas. O premiê ordenou a realização de eleições dentro de um ano.

Cuerpos paramilitares indios patrullan junto a una imagen del primer ministro de la India, Narendra Modi, en Srinagar el 11 de diciembre de 2023, antes del veredicto del Tribunal Supremo sobre el artí
Paramilitares indianos patrulham as ruas de Srinagar, na região de Jammu e Caxemira, perto da imagem do primeiro-ministro Narendra Modi, antes do veredito do Supremo Tribunal sobre a revogação da autonomia da região, em 11/12/2023. AFP - TAUSEEF MUSTAFA
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Com o correspondente da RFI em Bangalore, Côme Bastin, e AFP

A controversa decisão de Modi foi contestada perante os juízes através de várias petições. O mais alto tribunal do país, contudo, decidiu que o governo não violou a Constituição da Índia.

A declaração de 2019 foi “o ponto alto do processo de integração e, como tal, é um exercício válido de poder”, afirmou o Supremo Tribunal no seu veredito.

Único estado da Índia com maioria muçulmana, Jammu e Caxemira obtiveram maior autonomia quando aderiram à União Indiana em 1947, com uma Constituição e uma administração específica.

Em agosto de 2019, poucos meses após a sua reeleição, Narendra Modi pôs fim a esse regime, alegando integridade e segurança nacional após confrontos com o vizinho Paquistão. O Estado foi então rebaixado a território da União, o que o priva do seu Parlamento.

A medida foi acompanhada pela imposição de um governo direto a partir de Nova Deli, com detenções em massa, um confinamento total e um apagão de comunicações que durou meses enquanto a Índia reforçava as suas forças armadas na região para conter os protestos.

As autoridades indianas restringiram as liberdades dos meios de comunicação, levando a uma drástica redução das liberdades civis.

A remoção do Artigo 370 da Constituição, que consagrava o estatuto especial da região administrada pela Índia, foi contestada pelos partidos políticos pró-Índia da Caxemira, pela Ordem dos Advogados local e por litigantes individuais.

Os juízes, no entanto, decidiram que a revogação do artigo 370º, que conferia um estatuto especial à Caxemira, era legal porque o artigo se destinava a ser temporário. O tribunal também ordenou que as eleições estaduais ocorressem até 30 de setembro de 2024.

Modi saudou o julgamento como “histórico”.

Foi “um farol de esperança, uma promessa de um futuro melhor e um testemunho da nossa determinação coletiva de construir uma Índia mais forte e mais unida”, publicou o líder nacionalista hindu no X, antigo Twitter.

A remoção do Artigo 370 era uma das prioridades da plataforma do Partido Bharatiya Janata, de Modi.

Mehbooba Mufti, ex-ministro-chefe da Caxemira, que governou em coalizão com o BJP, mas cujo partido estava entre os litigantes no caso da Suprema Corte, condenou a decisão como uma “sentença de morte não apenas para Jammu e Caxemira, mas para a Índia na totalidade".

As mudanças permitiram que indianos de fora da região comprassem propriedades e buscassem empregos públicos e bolsas de estudo, uma política denunciada pelos críticos como "colonizadora".

A Caxemira está dividida entre a Índia e o Paquistão desde que os vizinhos obtiveram a independência do domínio britânico e foram divididos em 1947, quando o seu marajá hindu decidiu aderir à nova União secular e federal da Índia.

Inicialmente, Nova Deli controlava apenas os assuntos externos, a moeda e as comunicações, mas ao longo das décadas os líderes pró-Índia de Caxemira passaram a cooperar com as autoridades nacionais.

Armas nucleares

Tanto a Índia como o Paquistão reivindicam integralmente o antigo reino do Himalaia e os rivais com armas nucleares travaram duas guerras na região.

Mais de meio milhão de soldados indianos estão destacados no território para controlar a insurgência, que eclodiu em 1989.

Mais de 120 pessoas foram mortas em 2023, dois terços delas ativistas, uma fração dos milhares de mortos dos anos anteriores.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar os militantes, acusações que Islamabad nega, dizendo que apenas apoia a luta da Caxemira pelo direito à autodeterminação.

O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Jalil Abbas Jilani, chamou a decisão do tribunal de "uma farsa de justiça".

“A Índia não tem o direito de tomar decisões unilaterais sobre o estatuto deste território disputado contra a vontade do povo da Caxemira e do Paquistão”, disse ele aos jornalistas em Islamabad.

“O seu objetivo final é converter os nativos da Caxemira numa comunidade sem poder na sua própria terra.”

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