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Caravana de migrantes que atravessa o México para chegar aos EUA é “maior movimento humano” do país, diz ONG

Milhares de migrantes se reuniram no extremo sul do México para irem juntos até os Estados Unidos. A iniciativa é uma resposta à proibição imposta pelas autoridades mexicanas da livre circulação dos migrantes, com o objetivo de limitar as chegadas à fronteira norte do país.

Migrantes participam de uma caravana que saiu de Tapachula, estado de Chiapas, no México, em direção aos Estados Unidos, em 24 de dezembro de 2023.
Migrantes participam de uma caravana que saiu de Tapachula, estado de Chiapas, no México, em direção aos Estados Unidos, em 24 de dezembro de 2023. AFP - STR
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A caravana dos migrantes saiu da cidade de Tapachula, na fronteira com a Guatemala (1.150 km ao sul da capital) e pretende chegar na fronteira do México com os Estados Unidos, quase 3.000 km ao norte. Aproximadamente 10.000 pessoas, entre elas latino-americanos, africanos e asiáticos partiram do município que fica no estado de Chiapas, neste domingo (24).

“Com dignidade, nós vamos caminhar até alcançar nosso objetivo. São 24 nacionalidades, principalmente de Honduras, Cuba, Haiti, mas também tem gente da Nicarágua, da Guatemala, El Salvador, República Dominicana, da Colômbia, do Equador, da Venezuela, do Brasil. Temos também iranianos, paquistaneses, hindus, gente da Síria, China, Bangladesh e de vários países da África”, explica à RFI Luis Rey García Villagrán, diretor do Centro de Dignidade Humana que viaja com o grupo de migrantes.  

O grupo decidiu realizar a travessia, após passar meses em Tapachula em situação de extrema pobreza. A caravana que começou no domingo cresceu, com outros migrantes se unindo no caminho, e chegou a 14.000 pessoas.

“São pessoas muito necessitadas, abandonadas em Tapachula há sete ou oito meses, que não recebem assistência do Instituto Nacional de Migração, e essa é a razão pela qual decidimos caminhar. Estamos no terceiro dia de caminhada e pelo número de pessoas caminhando na estrada costeira de Chiapas, acho que é o maior movimento de seres humanos desta magnitude caminhando juntos”, afirma García Villagrán.  

“Eu acho que é a primeira vez na história do sudeste do México que, nas estradas, em vez de ver árvores, você vê mulheres e crianças caminhando. Acreditamos que ao sair de Chiapas vamos ter um contingente de 16.000 pessoas e desta maneira vai ser muita gente que vai chegar na Cidade do México”, alerta o diretor da ONG.

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Imigrantes nas mãos do crime organizado

Em setembro, o Instituto Nacional de Migrações mexicano, o órgão do governo responsável pelos migrantes, suspendeu a concessão de autorizações para circular pelo México. As ONGs de Tapachula denunciam uma situação humanitária caótica.

“O Estado mexicano nos deixou nas mãos do crime organizado, ou seja, dos cartéis, porque como se negam a nos dar documentos e a cumprir a lei e os regulamentos de migração e de asilo no México, os migrantes decidiram ir embora com coiotes, com traficantes humanos e isso colocou em risco muitas mulheres e crianças. Por isso, a única maneira segura é caminhar dez e até doze horas diárias, debaixo do sol escaldante da costa de Chiapas”, explica García Villagrán.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, reconheceu que o fluxo de migrantes aumentou nos últimos meses. Nas últimas semanas, a polícia americana de fronteira informou que mais de 10.000 pessoas por dia tentaram atravessar para os Estados Unidos, um ritmo mais intenso que nas semanas anteriores.

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