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Linha Direta

Para frear entrada de migrantes ilegais, Biden ampliará muro na fronteira com o México

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Durante dois dias, o secretário de Estado Antony J. Blinken, o secretário de Segurança Interna Alejandro Mayorkas e o procurador-geral Merrick B. Garland, além de outras autoridades, reuniram-se com seus homólogos mexicanos para discutir soluções para regular a migração ilegal e o tráfico de armas e drogas, especialmente o fentanil.

Blinken disse que o governo americano quer tomar ações coordenadas para estabilizar os "fluxos, expandir as rotas regulares e administrar humanamente as fronteiras” e que “as repatriações são peças-chave para esta abordagem”.
Blinken disse que o governo americano quer tomar ações coordenadas para estabilizar os "fluxos, expandir as rotas regulares e administrar humanamente as fronteiras” e que “as repatriações são peças-chave para esta abordagem”. AP - Marco Ugarte
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

Nesta quinta-feira (5), o governo americano também anunciou que vai retomar a deportação de migrantes venezuelanos sem documentos e voltar a construir o muro na fronteira, o mesmo proposto pelo ex-presidente Donald Trump. Os fundos que serão utilizados na obra serão os mesmos aprovados pelo governo anterior.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, classificou a decisão como um "retrocesso" e disse que é "necessário combater as causas da migração ilegal e o muro não resolve o problema".

Após a reunião, Mayorkas declarou que "será mais difícil ingressar por meios ilícitos." Segundo ele, será feita "uma repatriação rápida, o retorno de imigrantes e a proibição de seu retorno ao território", acrescentou, ao confirmar o acordo com o governo de Nicolás Maduro.

"Os Estados Unidos anunciaram hoje um acordo com a Venezuela para repatriar venezuelanos que não aproveitam as vias legais e chegam de forma irregular à fronteira sul", indicou o secretário, sem detalhar se o acordo implica uma mudança na política de Washington para a Venezuela, submetida a sanções econômicas.

Ele ressaltou que o presidente Joe Biden não mudou sua posição sobre o muro fronteiriço, que será ampliado em áreas vulneráveis. "Não existe nenhuma política nova do governo em relação ao muro." Biden também sempre rejeitou a construção de muros. A promessa fazia parte de sua campanha na eleição. Ele disse que não daria continuidade ao projeto do seu antecessor e, nesta quinta, repetiu que muro não resolve o problema.

Segundo o presidente americano, as obras serão retomadas porque os recursos destinados a ela em anos anteriores ao seu mandato, que somam cerca de US$ 190 milhões (quase US$ 1 bilhão), não foram gastos e não podem ser realocados para outros programas. Biden falou que tentou transferir os recursos, sem sucesso.

Pedido de desculpas

Pelas redes sociais, Trump ironizou  e declarou que “aguardará” o pedido de desculpas de Biden sobre o que disse até hoje sobre o muro. Lembrando que o muro é a maior bandeira da oposição republicana, que critica o governo atual por não ter uma política mais dura na fronteira. Pré-candidatos republicanos para a corrida presidencial de 2024 têm defendido a conclusão do muro, além de enviar militares para a divisa dos países.

Em setembro, mais de 200 mil migrantes que cruzaram ilegalmente a fronteira foram detidos. Esta é a maior média mensal do ano, até o momento. Esse número inclui cerca de 50 mil venezuelanos e levou o governo Biden a anunciar que começará a deportá-los para Caracas, em voos comerciais. Essa decisão foi tomada em negociações com autoridades na Cidade do México.

Blinken disse que o governo americano quer tomar ações coordenadas para estabilizar os "fluxos, expandir as rotas regulares e administrar humanamente as fronteiras” e que “as repatriações são peças-chave para esta abordagem”.

Antony Blinken e López Obrador reuniram-se durante cerca de uma hora a portas fechadas, sem acesso de jornalistas, nesta quinta. Logo após as reuniões, a ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena Ibarra, disse que "como nações vizinhas, testemunham um fenômeno migratório que atingiu níveis históricos”.

Blinken disse que os dois países - México e Estados Unidos - estão trabalhando juntos “mais do que em qualquer momento dos últimos 30 anos” que ele atua na política externa. Mas, não falaram de planos de ação específicos, sobre o tema migração ilegal.

Blinken destacou após às reuniões que os Estados Unidos estão trabalhando com as outras 20 nações que assinaram a Declaração de Los Angeles, na Cúpula das Américas do ano passado, para criar condições de migração segura para o país.

Ao lado da Colômbia e do Panamá, eles estudam maneiras para avançar nessas questões. A intenção é que as pessoas não saiam dos seus países e tentem entrar nos Estados Unidos pela fronteira, sem visto, para pedir asilo, mas busquem meios legais de se mudarem para o país.

O secretário de Estado falou que estão abertas possibilidades para que pessoas em situação vulnerável consigam vistos de trabalho em áreas que hoje os Estados Unidos têm escassez de mão de obra. Mas, destacou também que o tamanho desse desafio é gigantesco e, por isso, precisam redobrar os esforços para melhorar e modernizar as fronteiras. Só assim eles conseguirão "aumentar a migração legal, deter a ilegal e principalmente acabar com redes de tráfico humano".

Drogas sintéticas são outro desafio

Um dos assuntos principais do Diálogo de Alto Nível sobre Segurança é a atual crise causada pelo fentanil e por outras drogas sintéticas nos Estados Unidos, com dezenas de milhares de mortes por overdose nos últimos anos.

O secretário americano frisou que implorou para que o México ajude a interromper o fluxo da droga para os EUA. Mas as autoridades vizinhas repetem que o problema é mais sobre o consumo dos americanos do que do papel do México na produção e fornecimento da droga sintética, fabricada com produtos químicos provenientes da China.

A secretária de segurança mexicana, Rosa Icela Rodríguez, assim como o presidente Obrador, repetiram várias vezes que o México não é produtor, mas é rota do tráfico.

Blinken apresentou às autoridades vizinhas um plano para rastrear produtos químicos no México com o apoio de empresas privadas e agências governamentais e prometeu aplicar sanções contra companhias chinesas que são a principal fonte da matéria-prima para o fentanil.

Os dois países também prometeram cooperação em um novo sistema no qual compartilharão dados regulares para evitar o contrabando de armas, pois concordam que drogas e violência fazem parte de um “círculo vicioso” que só pode ser superado com soluções binacionais.

As autoridadas americanas agradeceram pessoalmente o presidente mexicano por ter extraditado no mês passado, um dos filhos de "El Chapo", Ovidio Guzmán López, acusado de ser o líder da divisão de fentanil do cartel de Sinaloa.

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