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Aliado de ex-presidente inabilitado por lavagem de dinheiro é favorito para vencer eleição no Panamá

Os eleitores panamenhos começaram a votar, neste domingo (5), em uma eleição geral agitada pelo controverso ex-presidente Ricardo Martinelli. Oito candidatos disputam o poder, mas os holofotes estão sobre José Raúl Mulino, candidato do partido Realizando Metas (RM, fundado por Martinelli), que está à frente de seus três rivais imediatos por cerca de 20 pontos, segundo as pesquisas.

O candidato de direita José Raul Mulino disputa a presidência do Panamá com o slogan de campanha "Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli".
O candidato de direita José Raul Mulino disputa a presidência do Panamá com o slogan de campanha "Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli". AP - Matias Delacroix
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O ex-presidente social-democrata Martín Torrijos, filho do general Omar Torrijos, que negociou com Washington a entrega do Canal do Panamá, e os advogados de centro-direita Rómulo Roux e Ricardo Lombana, aparecem como opções, em caso de surpresa.

Mulino, um advogado de direita de 64 anos, de caráter forte e cabelos grisalhos, substituiu Martinelli depois que ele foi inabilitado como candidato após a reafirmação de uma condenação por lavagem de dinheiro. Depois de depositar seu voto na urna, Mulino visitou Martinelli na embaixada da Nicarágua, onde pediu asilo em fevereiro devido à sua captura iminente.

Em um vídeo publicado por Martinelli na rede social X, é possível ouvir um deles falar "Irmão!" e o outro responder "Vamos ganhar!". Apenas dois dias antes da votação, a Justiça aprovou a candidatura de Mulino, que havia sido contestada por não ter passado pelas primárias ou por não ter vice-presidente.

O advogado herdou o apoio do popular Martinelli, cujos partidários destacam uma bonança na economia durante seu governo, impulsionada pela ampliação do Canal do Panamá e a construção do primeiro metrô da América Central.

"As pessoas estão realmente dando 100% de apoio a Mulino porque Martinelli tomou a decisão de colocá-lo" como candidato, disse esta semana à AFP Rigoberto Acevedo, um estudante de direito de 27 anos, que acredita que o ex-governante sofre "perseguições".

Apesar de asilado, Martinelli fez campanha para Mulino, o que levou o governo panamenho a protestar contra a Nicarágua. No domingo passado, ele participou por vídeo do encerramento da campanha. 

Mulino esteve em prisão preventiva entre 2015 e 2016 por corrupção, mas foi libertado devido a erros processuais. Ele garante que nesse período foi um "preso político". O candidato também foi ministro da Justiça e chanceler durante o primeiro governo panamenho após a queda do ex-ditador Manuel Antonio Noriega em 1989.

Triunfo da impunidade

"Estamos em um país em crise política, social, econômica e ambiental", disse à AFP uma aposentada de 74 anos, que forneceu apenas o sobrenome Mollick. Ela usava uma camisa que dizia: "Se protesto como um leão, não voto como um burro".

Além de eleger um governante para os próximos cinco anos em eleições de turno único, três milhões dos 4,4 milhões de panamenhos são chamados a escolher 71 deputados e governos locais. A eleição presidencial é decidida por maioria simples. As urnas serão fechadas às 16h, horário local (18h em Brasília).

Em um país sem partidos de esquerda, os candidatos com mais chances apresentaram planos de governo muito semelhantes e, além de oferecerem empregos em massa e dinamismo econômico, prometeram reformas constitucionais para acabar com a corrupção.

O presidente Laurentino Cortizo, do social-democrata Partido Revolucionário Democrático (PRD, maioria), deixa o poder criticado pelo escandaloso pagamento de bolsas estatais a políticos e suas famílias. Desta vez, o candidato do partido no poder, José Gabriel Carrizo, aparece em queda nas pesquisas.

Embora o cansaço da corrupção seja palpável nas ruas, é paradoxal que Martinelli, acusado de espionagem telefônica e suborno pela construtora brasileira Odebrecht, goze de grande popularidade.

"Será o triunfo da impunidade", disse à AFP Lina Vega, presidente da Transparência Internacional no Panamá, devido à possibilidade real de Mulino lhe conceder passagem segura para viajar para a Nicarágua.

O próximo presidente deverá enfrentar desafios de um país atingido pela corrupção, pela crise migratória da floresta de Darién, o alto custo de vida, a deterioração dos serviços básicos e a seca que afeta o Canal do Panamá devido à mudança climática.

Com AFP

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