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Presidente eleito do Panamá promete deportar migrantes que atravessarem selva do país para chegar aos EUA

O presidente eleito do Panamá, José Raúl Mulino, prometeu na quinta-feira (9) deportar os migrantes que entrarem no país pela selva de Darién, na fronteira com a Colômbia, no trajeto até os Estados Unidos.

Imagem de arquivo mostra migrantes caminhando na selva perto do vilarejo de Bajo Chiquito, na província de Darien, no Panamá, em 22/09/
Imagem de arquivo mostra migrantes caminhando na selva perto do vilarejo de Bajo Chiquito, na província de Darien, no Panamá, em 22/09/ AFP - LUIS ACOSTA
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Mais de 520.000 pessoas atravessaram em 2023 a floresta, o que obrigou o governo panamenho a destinar recursos para a assistência dos migrantes. No primeiro trimestre do ano, mais de 110.000 pessoas fizeram a travessia, segundo os números oficiais.

"Para acabar com a odisseia de Darién, que não tem razão de ser (...), começaremos, com ajuda internacional, um processo de repatriação, com todo o respeito aos direitos humanos de todas as pessoas que ali estão", disse Mulino no ato em que a Junta Nacional de Escrutínio o proclamou formalmente presidente para o período 2024-2029.

Mulino havia anunciado em 16 de abril, durante um evento de campanha, a intenção de "fechar" Darién, a fronteira de selva de 266 km de extensão e 575.000 hectares de superfície, que nos últimos anos se tornou um corredor para os migrantes da América do Sul que tentam chegar aos Estados Unidos.

"Para que saibam os de lá (os países sul-americanos) e os que desejam vir: quem chegar aqui será devolvido ao seu país de origem", acrescentou Mulino, um advogado de direita de 64 anos, que deve assumir o governo em 1º de julho.

"Nosso Darién não é uma rota de trânsito, não senhor, esta é a nossa fronteira", disse Mulino, que substituiu como candidato o ex-presidente inabilitado pela justiça Ricardo Martinelli (2009-2014). Analistas atribuem a vitória de Mulino nas eleições de domingo passado à popularidade de Martinelli.

A migração é um tema crucial na campanha eleitoral dos Estados Unidos. O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, anunciou na quarta-feira uma ajuda de US$ 578 milhões para a América Latina, durante uma conferência continental na Guatemala, além de sanções para indivíduos que facilitam a "migração irregular".

Quase 2,8 milhões de migrantes entram de maneira irregular nos Estados Unidos a cada ano, o que aumenta a pressão sobre o presidente e candidato à reeleição em novembro, o democrata Joe Biden, enquanto os republicanos do seu rival Donald Trump o acusam de não fazer nada a respeito.

A América Central também enfrenta complicações devido às centenas de milhares de migrantes, em sua maioria venezuelanos, que viajam pelo continente depois que atravessam a pé a inóspita selva de Darién, área de atuação de vários grupos criminosos.  

Mercosul

Ainda em seu discurso, o presidente eleito, que se autodefiniu como "ultradireitista", disse ter conversado por telefone com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre um possível Tratado de Livre Comércio entre Panamá e o Mercosul. "Nos dará um músculo econômico importante [...] o que possamos chegar a ter com esse bloco econômico do sul", afirmou.

Mulino também afirmou que se dedicará a buscar uma solução para garantir o fornecimento de água doce ao Canal do Panamá, afetado por uma seca que ameaça os dividendos aos cofres públicos. A seca obrigou a reduzir em 2023 o número de tráfego de navios. Das 39 embarcações diárias que cruzavam há um ano o canal, agora circulam 32.

"Vamos fazer o Canal ressurgir melhor, que seja eficiente e que mais e mais navios cruzem nosso istmo, gerem divisas e contribuam para o fisco nacional como têm feito ano após ano", indicou Mulino, que disse que em breve se reunirá com o administrador do Canal.

(com AFP)

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