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Argentina: eleitores de berço eleitoral de Sergio Massa apoiam candidato, apesar da pobreza no país

A menos de um mês para a escolha do próximo presidente da Argentina, a RFI foi a Tigre, na província de Buenos Aires, conversar com aqueles que melhor conhecem Sergio Massa – um eleitorado fundamental para sua vitória no domingo (22). Foi lá que o líder peronista e atual ministro da Economia forjou seu porte nacional antes de se tornar o opositor de Javier Milei no segundo turno das eleições, em 19 de novembro.

Propaganda eleitoral de Sergio Massa em estrada nos arredores de Tigre, na província de Buenos Aires.
Propaganda eleitoral de Sergio Massa em estrada nos arredores de Tigre, na província de Buenos Aires. © Alejo Shapire / RFI
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Alejo Schapire, correspondente da RFI em espanhol em Buenos Aires

Sergio Massa é um camaleão político. Nascido em Buenos Aires, foi membro do partido liberal de direita UCeDé antes de mudar para o peronismo, na década de 1990. A notoriedade política dele decolou em 2007 como prefeito de Tigre. Seu desempenho no desenvolvimento da infraestrutura urbana e na redução da insegurança serviu como um trampolim nacional para o advogado, que é bem conhecido pela população do município.

Os eleitores mais entusiasmados, moradores da cidade, têm boas lembranças da sua gestão, apesar da inflação alta e do índice de pobreza na Argentina ter aumentado para 40,1% no primeiro semestre deste ano.

Monica, professora de ginástica, é um exemplo. Ela afirma em entrevista à RFI que continuará a apoiar o atual ministro da Economia do país: "Eu o conheço desde que ele foi prefeito aqui e gosto do que ele fez. Votei nele por causa disso. Acho que estamos todos muito irritados e estamos tentando votar no menos ruim".

A questão da proximidade e do sentimentalismo se mistura com interesses pessoais e profissionais, como o caso de Héctor, que é sindicalista: "Votei em Massa porque faço parte de um sindicato municipal aqui em Tigre. Ele foi o único que me deu permissão sindical", argumenta.

Insatisfação com oposição

Massa venceu em um contexto complicado na Argentina: além da inflação e da pobreza, a gestão do ministro enfrenta suspeitas de corrupção. Mesmo assim, os eleitores de Tigre defendem com convicção a vitória de Massa.

"Ele assumiu o governo. Quando ele estava na Câmara dos Deputados, ele renunciou e se tornou um economista. Ele não é um economista", aponta Héctor. "Ele deu o que podia e fez o que podia. Acho que ele fez o melhor que pôde para defender o país", avalia.

Elan é salva-vidas e tem uma leitura mais analítica da vitória de Massa, que atribui à insatisfação com os opositores. Ele relembra que o candidato Milei negou terem existido 30 mil desaparecidos durante a ditadura argentina, em um debate, e ainda questionou o papa Francisco.

"Foi uma boa interpretação da insatisfação popular, por parte da campanha do governo. E uma atitude terrível da oposição, porque se nem Bullrich, nem Milei conseguiram representar essa insatisfação, foi pelas suas próprias deficiências", critica. 

Como Massa atrai seus eleitores? 

"Acima de tudo, representa uma série de valores que o peronismo sempre defendeu, em contraste com a série de bobagens que Milei e seu partido político vêm dizendo. Se você basicamente apaga todos os pilares da identidade argentina, é difícil fazer com que eles votem em você", argumenta Elan. 

Mas, para outros eleitores, os argumentos de valores e proximidade não são suficientes. O morador Facundo é vendedor de quiosques e votará em Milei: "Massa está falhando comigo como ministro da Economia. Sei que ele é vizinho de Tigre, que foi ex-prefeito, mas votei em Milei", justifica.

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